sexta-feira, 23 de março de 2018

A linguagem molda nossa visão de mundo

Estudos mostram que não é o quanto se fala, mas como se fala, o que realmente importa para o desenvolvimento do cérebro infantil e para o sucesso das crianças e dos jovens na escola e na vida

Ana Maria Diniz

A psicóloga americana Carol Dweck, da Universidade de Stanford, tornou-se mundialmente famosa ao provar, cientificamente, que o sucesso escolar de crianças e jovens está atrelado a dois tipos de mentalidade: a fixa e a de crescimento. Alunos com mentalidade fixa se paralisam diante de obstáculos e deixam de progredir. O segundo grupo entende que podem aprender com os erros e vai tentando caminhos alternativos para superá-los. O estudo da psicóloga também revelou algo importantíssimo, mas pouco mencionado: mudanças simples na maneira de falar com os alunos têm uma influência enorme na percepção das crianças sobre si mesmas e sobre o aprendizado.
A linguagem molda nossa visão de mundo. E uma das principais maneiras de se fomentar uma mentalidade de crescimento é a forma como falamos em casa com os nossos filhos ou na escola com os alunos – e isso inclui a forma como damos feedback e como nos referimos às pequenas derrotas diárias. Por exemplo, quando seu filho mostra a você uma lição de matemática errada, ao invés de dizer que está tudo errado e que ele não entendeu nada, diga “não tenho certeza deste resultado, me mostre como chegou nele”. Não se trata de só querer passar a mão na cabeça e de evitar dizer coisas mais duras, mas de escolher palavras que estimulem o comportamento investigativo com intenção e cuidado. O mesmo pode ser feito nas salas de aula.
Como revela Dweck em seu novo livro Mindset, lançado no ano passado, e em outros artigos recentes, algumas palavras são quase mágicas nesse sentido. Se um aluno está tendo dificuldades, seja acadêmica ou emocional, ofereça “apoio”, não “ajuda”. Ao falar “apoio”, enfatizamos a ideia de que os alunos têm capacidade de melhorar suas próprias vidas, de que não estamos ali para salvá-los, mas para dar a eles suporte em seu próprio processo de mudança. Outra palavra que deveria fazer parte do dia a dia do educador é “escolha”, acredita Dweck.  Usá-la, mais do que qualquer outra, dá ao aluno o senso de controle sobre sua vida.

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