quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Inovação: como aliar a tecnologia ao aprendizado?

Especialista do Instituto Ayrton Senna comenta o uso de recursos tecnológicos pelos professores

Por Denise Crescêncio, do Todos Pela Educação
Nas aulas de química do Ensino Médio, os alunos aprendem sobre os catalisadores: substâncias responsáveis por acelerar uma reação química, isto é, transformar duas partes em algo novo. Com a tecnologia, não é diferente. Amaral Oliveira, analista de projetos do Instituto Ayrton Senna, conversou conosco sobre o assunto e destaca que a inovação deve funcionar como catalisadora da aprendizagem. Com efeito, esse movimento já está acontecendo no mundo e a escola não pode ficar fora dessa.
A tecnologia integrada à proposta pedagógica está contemplada na estratégia 7.12 do Plano Nacional de Educação (PNE). A estratégia preconiza o uso dos recursos tecnológicos para melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem para Educação Infantil, (meta 1 do PNE), Ensino Fundamental, (meta 2 do PNE), e Ensino Médio, (meta 3 do PNE).
Ao mesmo tempo que há inúmeras vantagens no uso da tecnologia junto à Educação, também existem os desafios. É preciso preparar nossos professores para mediar a interação dos alunos com as inovações tecnológicas, assunto pautado na estratégia 15.6 do PNE, que prevê uma reforma curricular das licenciaturas, garantindo assim uma boa formação docente.  
Confira a entrevista com o especialista:
TPE:  De que modo os recursos tecnológicos impactam o aprendizado dos alunos?
Amaral Oliveira: Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Ceti-Br), mostram que 52% deles já utilizam celular em atividades escolares. Além do mais, o percentual dos professores que utilizam a internet do celular em atividades com os alunos foi de 49% em 2016. Isso, porém, não é o ideal e mostra que ainda precisamos caminhar para utilizarmos, com fins pedagógicos, tecnologias que possam ser catalisadoras de uma aprendizagem que inclua tanto os aspectos cognitivos quanto os socioemocionais nas escolas brasileiras, contribuindo para o desenvolvimento integral dos alunos. 

Utilizar redes sociais na Educação, por exemplo, pode ser uma forma de desenvolver a colaboração dos alunos e também o pensamento crítico. O uso de jogos, baseado no conceito de gamificação, pode ajudar a resolver problemas do processo de aprendizagem de forma lúdica. O ensino de programação de computadores, por sua vez, também ajuda a promover a criatividade. Essas competências são essenciais para uma Educação antenada com o século 21 e a tecnologia pode ser uma grande aliada dos professores.
TPE:  A tecnologia pode ser prejudicial para o aprendizado? 
Amaral Oliveira: Não basta a tecnologia pela tecnologia, ela deve estar integrada à proposta pedagógica da escola. Ela pode contribuir para uma aprendizagem mais personalizada, uma gestão de aula mais eficiente e um ensino mais efetivo. Porém, tudo isso passa por uma reflexão essencial: quem a escola contemporânea quer formar enquanto pessoa e cidadão?
Sem nenhuma mediação das dúvidas e dificuldades dos estudantes, o uso de plataformas personalizadas é prejudicial e coloca o aluno em uma linha de produção virtual, sem servir de embasamento para sua formação. Para que isso não aconteça, é importante fortalecer uma visão educacional que veja a tecnologia como uma aliada estratégica para o desenvolvimento pleno dos alunos e não apenas um suporte. Além disso, é essencial que o professor seja formado para ser um facilitador ou tutor da aprendizagem com tecnologia.
TPE: Quais os desafios para implementar os recursos tecnológicos nas escolas?
Amaral Oliveira: A conectividade (a infraestrutura), a capacitação dos professores (a formação) e a integração da tecnologia com a visão pedagógica da escola são os principais desafios. É preciso observar esses pontos de maneira integrada para que a implementação aconteça com sucesso, uma vez que não adianta capacitar o docente para usar ferramentas tecnológicas se ele não tem conectividade em sala de aula. Também não funciona ter uma proposta pedagógica que utilize inovação, caso os professores não estejam qualificados para fazer o bom uso dos equipamentos, ou, até mesmo, ter uma boa conectividade se não há integração entre a pedagogia e o uso dos recursos digitais.  

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