sábado, 29 de abril de 2017

Sobrepeso e magreza podem ser sinais de desnutrição infantil


ANANDA PORTELA* - O ESTADO DE S.PAULO


A desnutrição nada mais é do que a ingestão incorreta de nutrientes importantes que colaboram no desenvolvimento intelectual e corporal de uma criança. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), 7% das crianças brasileiras menores de cinco anos apresentam desnutrição, enquanto 4,1% das crianças de cinco a nove anos sofrem do mesmo problema. Quanto ao excesso de peso, um terço das crianças de cinco a nove anos sofrem com o problema.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o excesso de peso - e não só a magreza - também é sinal de desnutrição. “Primeiro, temos que desmistificar que quando a criança é ‘fortinha’, ‘fofinha’, é bem nutrida. Tanto o sobrepeso quanto a magreza são sinais de que a criança pode estar desnutrida”, afirma Joanna Lima, nutricionista da Nova Nutrii, especializada em nutrição clínica.
O desmame precoce, uma dieta carente em proteínas, vitaminas e minerais e a higiene precária dos alimentos são as principais causas da desnutrição. A manutenção dessas atitudes pode provocar problemas graves ao longo da vida de uma pessoa, como comprometimento do desenvolvimento físico e mental, dificuldade na calcificação dos ossos e deficiência na aprendizagem, por exemplo. No entanto, esses problemas podem ser combatidos no início da vida com um ingrediente muito importante: o leite materno.
Nos seis primeiros meses de vida do bebê, os médicos indicam apenas o leite materno como fonte exclusiva de nutrientes essenciais ao crescimento. “A amamentação é fundamental para o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo da criança. A composição do leite materno é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento do bebê”, explica a nutricionista Aricia Motta, membro da Academia Brasileira de Saúde.
Os hábitos alimentares adquiridos na infância são determinantes para a definição da alimentação na vida adulta. “A escolha dos alimentos, a frequência das refeições, a quantidade consumida, o modo de preparo e a higiene dedicada nesse processo são fundamentais”, completa Joanna Lima. Para que as crianças cresçam de maneira saudável, os alimentos coloridos e saudáveis são a melhor opção, além da introdução de pequenos lanches ao longo do dia. 
Confira cinco dicas abaixo para melhorar a alimentação das crianças:
Respeite o apetite da criança
Nos primeiros anos de vida, a criança possui uma capacidade maior de percepção da saciedade, por conta do leite materno, que estimula o desenvolvimento desse controle psicológico. Por isso, respeite o intervalo entre as refeições, pois o volume de comida ingerido depende do período que a criança passar sem se alimentar. Se por um acaso ela estiver doente, estimule a alimentação! Opte por alimentos saudáveis, mas que sejam mais facilmente aceitos pelos pequenos. “Fazer com que a criança participe do processo da montagem do prato, colocar o arroz nas forminhas, realizar o dia da cozinha em casa, mostrar que a alimentação natural é prazerosa", afirma a nutricionista Joanna Lima
Mantenha boas práticas de higienização
A higiene é extremamente importante no manuseio, preparo e armazenamento dos alimentos, tanto durante a lavagem e o cozimento correto dos ingredientes, como também na higienização dos utensílios utilizados durante os processos.  
Estimule a alimentação, mas com cuidado!
É importante lembrar que as crianças e os adultos têm ritmos muito diferentes, e que acelerar a refeição dos mais novos é muito prejudicial. A nutricionista Aricia Motta indica que os pais devem esperar a criança prestar atenção a cada colherada do alimento oferecido, deixem que ela toque o alimento e, principalmente, o prato e a colher. É muito importante que os pequenos reconheçam os alimentos consumidos
Combine carboidratos, proteínas e alimentos energéticos
É muito importante incentivar o consumo de alimentos variados. "Alimentos ricos em proteínas não podem faltar no cardápio diário. Outro grupo alimentar essencial é o dos carboidratos, que fornecem energia necessária para a realização de todos os processos metabólicos do corpo", explica a nutricionista Joanna Lima 
 Atente-se ao possível uso de suplementos
Algumas carências nutricionais não podem ser solucionadas apenas com a alimentação, como nos casos de problemas metabólicos ou falta de apetite. A partir do diagnóstico de alguma dessas alterações, o suplemento infantil é recomendado como forma de corrigir esses problemas e auxiliar na ingestão de vitaminas e nutrientes que o corpo necessita. Mas, lembre-se: não medique as crianças intuitivamente. O pediatra vai saber como melhor orientar sobre o uso desses produtos 
A ingestão de alimentos ricos em açúcar e gorduras, principalmente, auxiliam no ganho de peso. Além disso, algumas crianças já nascem com tendência a apresentar obesidade. “É muito importante a mamãe procurar orientação de um profissional capacitado para que a gestação seja dentro do planejado em relação ao ganho de peso estipulado”, atenta Joanna. O abuso da ingestão de carboidratos durante a gravidez pode fazer com que a mãe adquira diabetes gestacional, que pode afetar a vida do bebê dentro e fora do útero.
Os sintomas tanto da magreza excessiva quanto da obesidade têm certa semelhança: diarreia frequente, pele apática, cansaço, tristeza, falta de apetite, queda de cabelo, dificuldade de concentração, irritabilidade. Quando esses sintomas forem diagnosticados em casa, é muito importante que um profissional seja consultado.
O tratamento se dá a partir de uma dieta balanceada combinada a alguns exercícios indicados pelo especialista. Em algumas ocasiões, a suplementação é indicada, uma vez ela que auxilia na inserção de nutrientes que a criança não aceita, seja por conta da alimentação ou por problemas de absorção. Mas lembre-se: só um profissional especialista pode indicar um suplemento alimentar ou definir uma dieta!

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