segunda-feira, 12 de junho de 2017

A educação digital é necessária hoje para evitar arrependimentos amanhã

giuliana vallone
Giuliana Vallone
É secretária-assistente de Redação da Folha. Foi correspondente do jornal em Nova York e repórter de Mercado, TV Folha e Ilustrada.

O jornal estudantil "Crimson", da Universidade Harvard, revelou em reportagem na última segunda (5) que dez calouros perderam suas vagas na instituição graças a postagens ofensivas no Facebook.

As publicações feitas em grupo privado na rede social continham piadas sobre vítimas de abuso sexual, Holocausto e grupos étnicos. Ainda assim, seu conteúdo chegou ao conhecimento da universidade, que decidiu revogar a matrícula dos estudantes.

Embora indique, obviamente, problemas maiores no caso desses alunos, o fato mostra o desconhecimento dos jovens (e da maioria dos usuários da internet) sobre sua exposição on-line.

A sensação de privacidade é enganosa. Quanto você sabe sobre seu rastro digital? 

O que as pessoas conseguem descobrir ao buscar pelo seu nome?
"Privacidade não significa mais a mesma coisa. Só que sua mãe pode não saber de algo que você fez logo depois de você fazê-lo", diz Luvvie Ajayi, autora do livro "I'm Judging You: The Do-Better Manual" (estou te julgando: manual para agir melhor, em tradução livre).

Os jovens que nasceram na era da internet não entendem o peso do que postam on-line. E estão longe de saber a importância de sua reputação digital para a entrada na vida adulta. E, então, vem o segundo problema: o histórico digital prejudica a possibilidade de mudarmos de opinião, a percepção sobre nosso amadurecimento.

Todos nos arrependemos de coisas ditas anos atrás. Junte a falta de bom senso, comum entre adolescentes, à conectividade, e você terá uma infinidade de posts dos quais se arrepender no futuro.

Podemos ser confrontados o tempo todo com avaliações equivocadas do passado, coisas das quais nos envergonharíamos terrivelmente hoje.

Como é possível provar que não pensamos como antes? É sua palavra contra a sua própria palavra. Você acreditaria na reabilitação de alguém que fez um comentário preconceituoso no passado? Pois é.

Tudo isso torna a educação digital a necessidade da hora.

Esse esforço terá de envolver instituições, educadores e, sim, as empresas de tecnologia. Para elas, é vital que os usuários utilizem suas plataformas de maneira positiva. Já sofrendo pressão para ajudar a coibir as "fake news", elas podem ver no futuro um movimento bem pior para os negócios: a ideia de que o único jeito de salvar sua reputação digital seja simplesmente não existir on-line.

Enquanto isso, algumas dicas: 1) descubra o que você está mostrando aos outros na internet; 2) revise suas opiniões passadas com frequência e 3) na hora de postar, siga o conselho de Ajayi. Pense se você gostaria de ver sua publicação em um telão na Times Square, em Nova York. Se a resposta for não, NÃO POSTE.

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