quinta-feira, 22 de junho de 2017

Educação: um bem global e de todos

Ana Maria Diniz

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Ana Maria Diniz
A educação que vale a pena

No século 21, a Educação deixa de ser um mero instrumento de transmissão de informação e passa a ter a a responsabilidade de fomentar valores e habilidades que assegurem um futuro melhor para as pessoas e para o planeta, diz a Unesco


Qual o real propósito da Educação?
Muito tem se falado, inclusive neste blog, sobre a urgência de se reinventar as escolas e o sistema de ensino, que estão obsoletos e desconectados da realidade. Mas não faz sentido pensar nisso se não respondermos a pergunta acima.
Temos que repensar a Educação e o seu papel no mundo atual. O que é de verdade a Educação do século 21? Por que ela precisa existir, qual o seu sentido?

Sem esse entendimento, podemos virar os prédios escolares do avesso e derrubar suas paredes, mas não estaremos atendendo às necessidades de formação que os seres humanos da nossa era precisam para serem felizes, realizados e capazes de construir um futuro melhor.
É exatamente disso que trata o documento da Unesco Repensar a Educação: rumo a um bem comum global?, lançado em 2015. Considerado um dos mais importantes já elaborados pela instituição, a publicação desvincula a ideia da Educação como mero instrumento de transmissão de conhecimento e formação profissional, pensada de forma isolada e a nível local. Pelo contrário, propõe uma nova percepção: a da Educação como um bem comum global, de interesse de todos e para todos, imprescindível para o bem-estar das pessoas e o futuro do planeta.
Pensar, agir e buscar soluções abrangentes e coletivas faz todo sentido no mundo atual –complexo, instável e em constante transformação, porém intrinsicamente interligado e interdependente. Nosso futuro é compartilhado, assim como nossos problemas e expectativas. Assim, tudo o que pudermos fazer para buscar pontos em comum entre nós, humanidade, é o que vai garantir nosso futuro coletivo e comum.
Nesse contexto, diz a Unesco, Educação tem o papel e a responsabilidade de fomentar valores e habilidades para um crescimento sustentável e inclusivo e para uma convivência pacífica. Trata-se de uma visão ambiciosa, mas totalmente plausível.
A Educação pode, sim, contribuir para a superação de enormes desafios sociais, econômicos e ambientais, pois leva a mais prosperidade, a mais saúde, a menos violência e a mais igualdade entre os sexos. Homens e mulheres mais educados têm mais consciência ambiental, são mais produtivos, politicamente engajados e têm controle sobre suas vidas.
Mas, para cumprir esse papel, a Educação tem que ter essa intenção como ponto central de seu propósito.
O relatório Educação para Pessoas e o Planeta: criar futuros sustentáveis para todos, também da Unesco, elenca dados e projeções que comprovam o poder da Educação como catalisadora do desenvolvimento sustentável. Eis alguns deles:
– A Educação é mais eficiente contra os efeitos da mudança climática do que o investimento em infraestrutura. Se o progresso educacional estagnar, as mortes relacionadas a desastres ambientais aumentariam cerca 20% por década.
– A Educação aumenta a resiliência das pessoas aos riscos relacionados ao clima, além de incentivar seu apoio e seu envolvimento em ações de mitigação.
– Em países de baixa renda, o aumento nos índices de conclusão do ensino médio aumentaria a renda per capita em 75% até 2050, o que representaria um avanço de 10 anos na erradicação da pobreza.
– As taxas de desemprego são mais baixas entre os mais educados. Em países da OCDE, 55% dos adultos entre 25 e 64 anos que não completaram o ensino médio estavam empregados em 2013, ante 73% dos completaram o segundo grau e 83% com curso superior.
– A Educação reduz a criminalidade. Nos Estados Unidos, investimentos em Educação na primeira infância promoveram efeitos de longo prazo para a diminuição do crime na vida adulta.
Vamos difundir essa visão. Ela é essencial para construir um futuro melhor para todos.

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