terça-feira, 18 de outubro de 2016

Por que algumas pessoas têm aversão a mudanças


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RICARDO NEVES
É empreendedor, consultor, autor de seis livros sobre estratégia, usados em workshops e atividades in-company. Entre eles, destaca-se Tempo de pensar fora da caixa. Adora conversar sobre inovação e mudança. www.ricardoneves.com.br

Os indivíduos marcados pelo gosto pelo risco são as pessoas que fazem acontecer

Tenho um amigo que se destaca por uma costumeira frase: “Mudar, nem para melhor”. Meia-idade, ranzinza, barbudo, faz um tipo que minha mulher maldosamente diz ser “alguém que parece ter vindo de Woodstock a pé”. Mas ele é um cara legal. Leal e generoso como poucos.
Questionado sobre o porquê de sua idiossincrasia, sobre as razões de sua peculiar resistência absoluta a qualquer mudança, mesmo aquelas que sejam oportunas e vantajosas, meu amigo não dá muita justificativa racional. Desconfio que seja fundamentalmente o desconforto de sair de um território psicológico no qual ele sinta que tem controle se não total, pelo menos parcial. E isso é de fundamental importância para seu sentimento de autossegurança.
Piadas e brincadeiras à parte, vim descobrir recentemente que o comportamento de meu amigo é apenas uma magnificação de uma característica geral da humanidade. Pois é! Tem um monte de psicólogos e economistas debruçados no estudo do que se convencionou classificar como Aversão ao Risco.
Fazendo aquelas brincadeiras acadêmicas que são chamadas de Economia Comportamental – brincadeiras que às vezes podem receber um Prêmio Nobel como reconhecimento, alguns pesquisadores e teóricos explicam a aversão à mudança como um comportamento natural da humanidade, o qual pode ser comprovado e até mesmo quantificado por meio de experimentações práticas.
Não vou entrar nos detalhes dessas experiências, apenas digo que elas comprovam que, por exemplo, foi medido que em situações de apostas as pessoas preferem não perder R$ 50 a ganhar R$ 100. Cientificamente, trocando em miúdos, dói mais perder cinquetinha do que ganhar cenzinho.
Mas nem todo mundo é igual a esse meu amigo avesso à mudança. Indo mais além, o pessoal da Economia Comportamental criou as inevitáveis equações que têm ajudado muito os banqueiros a emprestar dinheiro e a investir o dinheiro dos outros.
Mas, para não assustar ninguém com essas equações – brasileiros são muito resistentes à matemática! –, adianto apenas que os economistas ajudados pelos psicólogos comportamentais propuseram uma segmentação de tipos de pessoas segundo sua aversão ao risco: os avessos ao risco, os neutros e aqueles que têm gosto pelo risco.
Durante séculos fomos levados a acreditar que as coisas deveriam ser estáticas, como o universo newtoniano. Mais do que isso, fomos levados a cultivar a ideia platônica de que o estático é perfeito.
Entretanto, a realidade que viemos a vislumbrar desde o começo do século XX, por meio da física quântica ou talvez um pouco antes por meio das sacações de Darwin, é que o Universo – ou, se quisermos, a vida – não tem nada de estático.
Existe sim um permanente caos onde tudo muda o tempo todo. E se fomos criados e treinados pelos nossos pais, pelas escolas, no trabalho e na sociedade a nisso acreditar, tanto pior. O desafio da evolução da humanidade passa agora por encarar a aversão à mudança.
O que tenho aprendido com o passar do tempo e nesse caminhar pela vida é que os indivíduos marcados pelo gosto pelo risco são as pessoas que fazem acontecer. Não existe maior risco na vida do que tentar realizar algo que não está no mundo e que começa na sua cabeça.
Como dizia o filósofo Bernard Shaw: “Alguns homens veem as coisas como são, e dizem ‘Por quê?’. Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo ‘Por que não?’”.

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