quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Obesas e sedentárias, 54% das crianças passam mais de 4 horas por dia em frente à TV ou celular

POR FABIANA FUTEMA

As crianças estão passando cada vez mais tempo em frente a uma tela, seja ela de computador, celular, tablet ou TV. A pesquisa Infant and Kids Study, divulgada nesta quinta-feira pela Nestlé, mostra que 54% das crianças de 0 a 12 anos passam mais de 4 horas por dia em contato com uma desses dispositivos.
Entre o público mais velho, de 7 a 12 anos, o percentual daqueles que passam mais de 4 horas expostas à tecnologia é ainda maior: 75%.
Até o ano passado, a Academia Americana de Pediatria recomendava que o tempo de contato com uma dessas telas não passasse de 2 horas diárias.
O psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, disse que a exposição precoce das crianças à tecnologia vai criar uma geração de alienados. Ele afirmou que serão crianças incapazes de se relacionar com outras pessoas.
“Essas crianças, à medida que vão ficando cada vez mais próximas da tecnologia, vão se abstendo de se relacionar com o ambiente. Essa incapacidade de se relacionar com outros está ceifando importantes habilidades sociais”, afirma Nabuco. “É na infância que a gente começa a aprender o que se chama popularmente de inteligência emocional, que é a capacidade de empatizar, se colocar no lugar do outro. A criança que está ligada à tecnologia não tem isso.”
Outro dado alarmante é que 50% das crianças está acima do peso. Uma em cada três crianças menores de 5 anos está obesa.
Para complicar a situação, 52% das crianças são consideradas sedentárias. A proporção é maior entre as meninas (56%) do que entre os meninos (49%).
A obesidade, sedentarismo e excesso de exposição à tecnologia são acompanhados de maus hábitos alimentares. De acordo com a pesquisa, 30% das crianças de até 4 anos se alimentam em frente à TV, lendo, estudando ou jogando videogame até quatro vezes por semana. Na faixa de 4 a 9 anos, esse percentual sobe para 56%.
A qualidade nutricional do que as crianças está comendo também está inadequada. Elas estão consumindo menos cálcio, mais gordura e mais sódio do que deveriam. Mais de 33% consomem mais gorduras do que a recomendação diária.
A pesquisa foi realizada pelo Ibope com mais de mil crianças da Grande São Paulo.

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