quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Toda criança ganha com a escola inclusiva

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Jairo Marques, jornalista pós-graduado pela PUC-SP, é repórter de Cotidiano e professor universitário. Cadeirante desde criança, mantém o blog 'Assim como Você'

Escuto com muita frequência que um grande perrengue da promoção da escola que inclui a todos é que crianças com deficiência demandariam mais trabalho e tempo para aprender aquilo que aquelas completinhas captariam com mais rapidez.
Esse pensamento reinante e que promove a exclusão e a falta de oportunidade deixa de lado preciosas observações a respeito da diversidade. A primeira delas é que o tempo, a maneira e a disposição de assimilar um conhecimento é diferente para cada “serumano”, independentemente do nível de habilidade física, sensorial e intelectual que possua o indivíduo.
Uma garotinha down não precisa necessariamente completar uma operação matemática de soma ou de subtração com perfeição durante a primeira ou da décima sessão de explicação do conteúdo. Mais importante que isso é que ela leve para casa e para a vida conceitos de agregar algo ou de perder algo, que ela saiba manifestar, a sua maneira, um resultado.
Quando se martela muito a ideia de que o saber tem que estar nivelado entre os alunos de uma mesma turma, está se ignorando, por exemplo, que um menino cego pode expressar de maneira única e com sentido lógico seu entendimento sobre as cores ou sobre uma obra de arte.
A busca pela demonstração de que um conhecimento foi adquirido precisa ser mais ampla e sensível que testes objetivos. Ela precisa, ainda mais nos casos de crianças com deficiências graves, ser alerta ao desenvolvimento de habilidades, de novas criações e de possibilidades dentro de suas realidades.
Mas não somente escolas almejam uniformidade de resultados. Muitos pais de pequenos fora da curva dos padrões também julgam os lares do conhecimento como ruins porque os filhos “não aprendem nada” ou não fazem tudo da mesma forma que os colegas.
Estar no ambiente plural da escola sempre será melhor que a uniformidade de uma casa ou de um local “especial” em que todos comungam de realidades semelhantes. O valor educativo da convivência entre os diversos tipos humanos é incalculável para todos os envolvidos.
Um aluno aprende e colabora sempre com a experiência do outro. Um aluno se capacita a partir do universo do colega. Um aluno se estimula a avançar em seu pensamento, em suas atitudes por meio das ações de outro.
Um abrangente voo em estudos mundiais sobre o valor da educação inclusiva para crianças com e sem deficiência acaba de ser divulgado pelo instituto Alana. Nele é possível avistar com objetividade os aspectos positivos da diversidade. O estudo, comandado por um pesquisador de Harvard, está disponível para download no site da organização.
Restam ainda as questões logísticas: quem cuida da criança com deficiência mais dependente, como se promove a adaptação física do colégio, o que, é preciso convir, é nada diante um bem que vai determinar o futuro das crianças.
“Difinitivamente”, como diria minha tia Filinha, é tempo de entender que a convivência entre os mais variados seres, que tem seu palco maior na escola, será a salvação das intolerâncias, será o elixir mais forte contra o preconceito e será o caminho seguro para uma sociedade com mais amor.

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