domingo, 12 de fevereiro de 2017

O problema não existe se não falar dele



Luciana Kotaka

LUCIANA KOTAKA


Comportamento, saúde e obesidade

LUCIANA KOTAKA é psicóloga, colunista, blogueira, escritora apaixonada pelo comportamento humano, em busca constante do papel da obesidade e dos transtornos alimentares como sintoma de uma sociedade ansiosa e angustiada.

Enquanto brincamos de faz de conta a vida passa e perdemos a oportunidade de sermos felizes

Ouvi essa frase esses dias no consultório e na hora pensei em como é verdadeiro, como não falar do que não está indo bem, é uma forma de não enxergar o que está disfuncional. Na verdade esse comportamento é muito comum, famílias, parceiros, filhos que optam por ignorar um determinado problema, como se esse fato fosse resolver como por encanto a situação a ser discutida.
Síndrome de Poliana, viver uma realidade construída no imaginário. Muito mais fácil? Não sei, acho que empurrar por debaixo do tapete dá um trabalho danado, afinal uma hora irá se cansar de tropeçar e irá ter que arrancar o tapete e olhar o que tanto por anos a fio, enfiou debaixo dele.
A grande questão é quando você vai parar de amontoar uma série de fracassos e encarar o que realmente precisa ser acolhido, resolvido. Muitas pessoas passam a metade da vida optando por parceiros e/ou situações das quais não lhe trazem felicidade, outras passam a vida toda e só encontram a paz na morte.
As escolhas sempre são um caminho a ser avaliado, você pode optar por ir em frente e brincar de faz de conta, mas será que é mesmo a melhor opção? Talvez a culpa seja do tempo, da falta de habilidade, mas o que precisa ficar claro é que em algum momento terá que aprender a sentir, olhar, enfrentar e sofrer se for preciso, mas tirar de baixo do tapete.
Nomear os sentimentos, entender as emoções e comportamentos faz parte da grande aprendizagem da vida, em que ficamos mais forte, mais hábeis, facilitando não somente a vida emocional, mas também a profissional. Quanto mais nos confrontamos, mais resilientes nos tornamos uma construção de um novo eu, muito mais capacitado, com recursos para enfrentar e não se esconder de situações de conflito.
A verdadeira vitória está justamente em se colocar como aprendiz, buscando sempre compreender não somente o outro e o ambiente ao redor, mas a si mesmo.

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