sábado, 31 de dezembro de 2016

É hora de dar adeus a velhos hábitos e construir algo novo


Caminhos Alternativos  com Petria Chaves e Fabiola Cidral

A chegada de 2017 é propícia para refletirmos o que queremos ser. E mais: o desafio deste novo ano é fazer. Mas há coisas para se evitar no sucesso.



Guilherme Arantes: “Hoje existe um culto à ignorância”

Guilherme Arantes, o Chopin da rádio AM


O compositor paulistano, um especialista na criação de melodias lindas e de fácil acesso, está lançando uma caixa de 21 CDs que repassa a sua carreira. No primeiro bloco, ele fala de suas origens (e de como até pensou em suicídio antes de se tornar sucesso popular) e suas primeiras influências musicais.

http://veja.abril.com.br/tveja/veja-musica/guilherme-arantes-o-chopin-da-radio-am/




Guilherme Arantes: “Hoje existe um culto à ignorância”

Na segunda parte da entrevista, o cantor, compositor e pianista paulistano fala de seu período como hitmaker, da volta à boa forma com o disco Condição Humana e revela que pretende fazer um trabalho que realce seu lado mais popular


http://veja.abril.com.br/tveja/veja-musica/guilherme-arantes-hoje-existe-um-culto-a-ignorancia/






Balanço e perspectivas da educação brasileira. Vem aí 2017. Nada como crises para fazer surgirem inovações e romper paradigmas

João Batista Araújo e Oliveira
PRESIDENTE DO INSTITUTO ALFA E BETO

A educação brasileira vivenciou grandes emoções em 2016. Houve troca de ministro, o governo finalmente encaminhou a proposta de reforma do ensino médio e tomou as rédeas da Base Curricular Nacional. O Plano Nacional de Educação (PNE) continuou sendo empurrado com a barriga e agora esbarra na Lei do Teto. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) completou 20 anos, acumulando 20 alterações e mais de 300 projetos de mudança. Celebramos os 50 anos da publicação do Relatório Coleman, o estudo mais importante sobre variáveis que explicam o desempenho escolar, e recebemos os resultados da Prova Brasil, do Enem e do Pisa, mostrando que pouco mudou, especialmente para os menos favorecidos. Aprendemos algo neste ano?
Comecemos pelo lado positivo. A troca de comando no Ministério da Educação (MEC) permitiu saber que de nada valeu triplicar os recursos da pasta, pois os mais de 40 programas iniciados nos últimos 15 anos não produziram avanços significativos. A nova gestão do MEC reduziu os decibéis que dominavam a discussão da Base Curricular Nacional, criando espaço para um encaminhamento mais racional. A reforma do ensino médio poderá fornecer algum combustível para a expansão dos cursos médios técnicos e, talvez, uma diversificação dos currículos acadêmicos. A maioria dos educadores – mesmo os que acreditam na eficácia do PNE – já entendeu que ele não será cumprido. No 20.º aniversário da LDB, o senador Cristovam Buarque indagou se seria possível termos uma lei que permitisse à educação se antecipar ou acomodar as mudanças da sociedade, sem precisar ser modificada a cada passo. É raro termos boas perguntas. Fora do âmbito do MEC, o lançamento do Programa Criança Feliz, pelo Ministério de Desenvolvimento Social, ilustra que governos podem ser capazes de formular políticas com base em evidências e agregar apoio a partir de propostas bem estruturadas, e não apenas em resposta a pressões ou anseios corporativistas. As boas notícias param por aí.
Vejamos a coluna do passivo. Houve abertura da caixa-preta do MEC, mas continua o financiamento para muitos dos programas sabidamente ineficientes ou que precisam de profundos reparos – o Fies é o mais grave e caro dentre eles. Reduziu-se o ruído relacionado com a Base Curricular, mas ninguém sabe ao certo o que está sendo elaborado e por quem: o MEC não conseguiu estabelecer o rito próprio para esse tipo de trabalho. A proposta do ensino médio tem mérito, mas da forma que está deixa mais dúvidas do que clareza, e dificilmente possibilitará a implementação de soluções eficientes e economicamente viáveis, tanto para a rede pública quanto para a privada. O início de debate promovido pelo senador Cristovam Buarque deixou claro que o Brasil tem dificuldade para pensar numa legislação aberta para tornar mudanças viáveis: legislamos para assegurar direitos, privilégios e reservas de mercado.
Vale aprofundar o impasse do PNE. Os planos anteriores não foram cumpridos por diversas razões. O plano atual, aprovado em 2014, foi resultado de uma forte mobilização nacional e teve a aparência de um grande debate que resultou num grande consenso. Na verdade, foram e ainda são pouquíssimas as vozes discordantes e todas fora do aparato responsável pela condução do “debate”. O MEC, mesmo antes da crise atual e sabendo de sua inviabilidade, não se dispõe a reconhecer que o rei está nu – o que coloca Estados e municípios em posição vulnerável, pois continuam pressionados a implementar o plano e, dessa forma, tornar inviáveis os já combalidos orçamentos.
Há duas questões mais relevantes. Primeiro, não há possibilidade de gastar nem os 10% do produto interno bruto (PIB) em educação previstos na Meta 20 do PNE e não há recursos para implementar o plano. A maioria dos educadores – e economistas preocupados com a reação da arquibancada – não se comove com esses números e acha que falta vontade política. Segundo, ainda que o plano viesse a ser implementado em sua totalidade, nada seria capaz de assegurar a melhora na educação. Quem fez o plano não leu o Relatório Coleman nem os resultados de 50 anos de pesquisas a respeito do que funciona para melhorar a educação.
No apagar das luzes de 2016, o que extrair do balanço do PNE, da LDB, do Pisa, da Lei do Ensino Médio e da Base Nacional Curricular Comum? Todas essas iniciativas mostram que as dificuldades de fazer avançar a educação residem em fatores comuns. O espírito legiferante é reforçado pelos interesses corporativistas e pela convicção de que o cofre da viúva é inexaurível. Isso é agravado pela perda de capacidade de debater e pelo crescente mau humor dos vários atores em examinar ideias de que discordem. A falta de capacidade do Executivo de propor reformas com base em evidências e depois buscar o consenso foi substituída pelo assembleísmo.
Vem aí 2017. Nada como crises para fazer surgirem inovações e romper paradigmas. A moratória do PNE é um requisito básico para sinalizar a restauração do bom senso e do princípio da racionalidade e essencial para que os novos prefeitos possam organizar a casa. Há muito mais que o MEC poderia fazer, inaugurando novas formas de propor e encaminhar políticas públicas, criando foros legítimos de debate e confronto de ideias. Também poderíamos ganhar de presente de ano-novo um MEC em que prevaleçam como critério as evidências como base para formular políticas públicas, a racionalidade como base para avaliar os custos e benefícios dos programas, o debate público como instrumento de confronto de ideias e aprimoramento de políticas públicas e o benefício para o aluno – especialmente os mais carentes – como foco primordial e critério último para avaliar qualquer política pública.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Poema para viajar a qualquer lugar, inclusive lugar nenhum


Afonso Borges | Mondolivro

Obra da poetisa mineira Ana Martins Marques, autora do Livro das Semelhanças

Poema para viajar a qualquer lugar, inclusive lugar nenhum

Uma agenda para a Educação em 2017

claudia costin
Claudia Costin
É professora visitante de Harvard. Foi diretora de Educação do Banco Mundial, secretária de Educação do Rio e ministra da Administração.

Ao terminar o ano, vale a pena fazer um balanço do que realizamos e pensar no que falta fazer. Isso é particularmente importante em educação, que demanda uma agenda de longo prazo. O que fizermos hoje terá impacto nas próximas décadas, mas não será necessariamente sentido tão cedo.

O Brasil avançou em educação em algumas tarefas relevantes: colocamos as crianças nas escolas, criamos um sistema de financiamento da educação pública em que o dinheiro segue o aluno, um incentivo à frequência escolar, com o Bolsa Família, uma sistemática de avaliação externa de aprendizagem competente e, até 2012, fomos o país que mais avançou no Pisa em Matemática. Expandimos as vagas no ensino superior e criamos um sistema de admissão na universidade que permite que jovens possam ser admitidos em Estados diferentes dos seus de origem, sem precisar participar de uma maratona de exames de admissão.

Em 2016, tivemos também pontos a comemorar: iniciamos a elaboração da Base Nacional Comum Curricular, criamos o Marco Legal da Primeira Infância, um conjunto de programas voltados à promoção do desenvolvimento integral das crianças desde o nascimento até os seis anos, com abordagem intersetorial e ênfase em educação infantil. Conseguimos também, a despeito da descontinuidade institucional vivida pelo país, realizar o Enem, divulgar o Ideb e preservar muitos dos programas voltados à melhoria da educação no país.

Mas o fato que continua evidente é que a maior parte das realizações está associada a acesso ao ensino e não à aprendizagem. Nossas crianças e adolescentes, como vimos pelos dados do Pisa 2015, estão na escola, mas não estão aprendendo. Pior, estamos estagnados num patamar muito baixo de aprendizagem, enquanto outros países, aqui mesmo na América Latina, tiveram avanços rápidos e relevantes.

Fizemos, ao longo de duas décadas, tudo o que poderia ser feito de forma mais fácil. Agora cabe olhar o que faltou fazer. "Nenhum sistema é melhor que a qualidade de seus professores", disse Andreas Schleicher na divulgação dos resultados do Pisa 2015. E é aqui que reside o problema: temos feito ainda pouco para tornar a profissão atrativa, pagando melhores salários e apoiando o trabalho do professor, inclusive com materiais instrucionais adequados, associados a um bom currículo, formamos mal ao não tornar as licenciaturas mais profissionalizantes e ao realizar uma formação continuada não centrada no trabalho coletivo de cada escola ou creche.

A agenda de 2017 deve ser centrada exatamente nisso: formar e apoiar melhor o professor para um trabalho mais significativo. Sem isso, continuaremos patinando.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Quanto as escolas contribuem para a inteligência emocional?


CBN - Antônio Gois - Escola da Vida
Os desafios da educação no Rio de Janeiro e no Brasil.

Tema pode ser incluído na Base Nacional Curricular Comum do MEC. Capacidade, no entanto, não pode ficar restrita a uma disciplina. Ela precisa ser amplamente trabalhada pela escola. Formação dos professores fica em xeque e precisa ser melhorada.


http://download.sgr.globo.com/sgr-mp3/cbn/3/2016/12/29/48591_20161229.mp3

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Cerca de 20% dos adolescentes usam tecnologia por mais de cinco horas


Cristiane Segatto | CBN Saúde e Bem-Estar

Pesquisa da Universidade de Harvard foi feita com 24,8 mil adolescentes americanos com dados reunidos de 2013 a 2015. Segundo o levantamento, 8% passam mais de cinco horas por dia diante da televisão.

Cortelha 'Triste de quem vive em casa, contente com seu lar'


Mario Sergio Cortelha | Academia CBN

Poeta português Fernando Pessoa escreveu passagem no livro de poemas 'Mensagem', de 1934, e completou com 'sem que um sonho, no erguer de asa, faça até mais rubra a brasa da lareira a abandonar'. Texto se refere ao povo português e funciona como aviso de que quando a gente se conforta, muitas vezes se conforma. Isso faz você não dar passos á frente.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Inovação traz risco de extinção a atividades


A explosão das impressoras 3D deverá sacudir cadeias inteiras de fornecimento, permitindo as empresas imprimir grande parte do que elas precisam 

No último ano, as empresas iniciantes de tecnologia e "economia colaborativa" continuaram a remodelar setores tradicionais. Mas quais serão os próximos negócios a serem desafiados pela crescente digitalização e automação? Jornalistas do "Financial Times" olharam para os próximos cinco a dez anos, na tentativa de identificar quais setores e companhias deverão encolher ­ ou desaparecer completamente ­ em razão da marcha da ruptura tecnológica. Segundo eles, há cinco setores ameaçados de extinção. São eles, os agentes de viagens, fabricantes de componentes, seguradoras de veículos, oficinas mecânicas e consultoria financeira. 


No último ano, as empresas iniciantes ("start­ups") de tecnologia e 'economia colaborativa' continuaram a remodelar setores tradicionais ­ da comoção causada pelo Uber e seus concorrentes no mercado tradicional de táxis as incomensuráveis alternativas proporcionadas pelo Airbnb em relação aos serviços tradicionais de hotelaria. 

Mas quais serão os próximos negócios a serem desafiados pela crescente digitalização e automação? Correspondentes do "Financial Times" olharam para o futuro, para os próximos cinco a dez anos, na tentativa de identificar quais setores e companhias deverão encolher ­ ou desaparecer completamente ­ em razão do avanço da inovação tecnológica. Eis, segundo eles, os cinco setores ameaçados de extinção. 

Agentes de viagens 

A Tui é a maior operadora de turismo do mundo e administra agências de viagens tradicionais sob as marcas Thomson e First Choice. Mas seu executivo ­chefe Fritz Joussen diz que sua meta é se transformar em um tipo diferente de negócio, menos dependente da venda de pacotes de férias e mais focado no controle e operação de hotéis e navios de cruzeiro. 

"Hoje, cerca de 30% a 35% de contribuição para os lucros vêm dos hotéis e cruzeiros", disse. "Eu diria que em três anos estaremos bem acima de 50%. Estamos de fato transformando a companhia." 

As mudanças na Tui refletem mudanças mais amplas que estão ocorrendo no setor. As tradicionais agências físicas estão em declínio há anos, com os viajantes cada vez mais confortáveis em agendar suas viagens pela internet, em empresas como a Expedia. 

Segundo a agência de estatísticas do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o número de agentes de viagens existentes no país caiu de 132 mil em 1990 para 74 mil em 2014. Ela prevê que esse número vai cair mais 12% até 2024. 

A Thomas Cook, uma das maiores operadoras de turismo do Reino Unido, precisou de um empréstimo de 200 milhões de libras em 2011 para enfrentar uma crise de caixa que ameaçou sua sobrevivência. Desde então, ela fechou centenas de agências físicas e pretende fechar mais se essas lojas não derem lucro. A companhia então passou a investir na venda de pacotes de viagem e na criação de roteiros de viagens usando sua própria frota de aviões e hotéis. No ano passado, ela voltou a ter lucro pela primeira vez em cinco anos. 

Henry Harveldt, fundador da Atmosphere Research, diz que as agências de viagens não vão desaparecer completamente, mas precisam mudar. "As sobreviventes serão as verdadeiras especialistas", disse. "Elas poderão ser usadas para agendar uma viagem importante ­ uma lua ­de ­mel, uma viagem em família especial ou uma empreitada complexa como o planejamento de um safári. Elas terão encontrado um nicho e usarão as ferramentas digitais para se certificar de que as pessoas saibam quem elas são, além de ajudar sua carteira de clientes... A questão para as agências de viagens é: elas precisam de lojas no varejo? Para ser honesto, a maioria não precisa." 

Alguns clientes ainda querem o contato face a face com os agentes de viagens. Uma pesquisa conduzida pela Associação das Agências de Viagens Britânicas (ABTA, na sigla em inglês) sugere que a grande maioria dos viajantes agenda suas viagens pela internet. Mas o número de pessoas que agendam suas viagens nas agências físicas aumentou ligeiramente nos 12 meses até outubro de 2016, para 19%, de 17% há um ano. 

A pesquisa da ABTA sugere que "os mais ricos" ­ 4% da população britânica que representam os salários mais altos do país ­ têm uma propensão maior a fazer as reservas nas agências, com 35% preferindo essa opção. 

Joussen diz que a Tui continuará a vender pacotes de férias mas vai se concentrar menos no negócio tradicional, em que os agentes de viagens pesquisam os menores preços em nome dos clientes. Os caçadores de pechinchas vão recorrer à internet, e não às agências físicas, em busca dos melhores pacotes. 

Fabricantes de componentes 

Qualquer pessoa que vai a um show de música sabe que é mais fácil imprimir os ingressos do que comprá ­lo no local ou esperar que eles cheguem pelo correio. As empresas logo vão perceber que o mesmo se aplica a peças de reposição, equipamentos e eletrônicos. 

A explosão das impressoras 3D deverá sacudir cadeias inteiras de fornecimento, permitindo as empresas imprimir grande parte do que elas precisam, em vez de encomendar, frequentemente de fornecedores no exterior. A Bosch Rexroth, uma unidade do grupo alemão Bosch, projeta que dentro de cinco a dez anos, até 40% dos equipamentos industriais que ela usa poderão ser impressos, em vez de comprados. 

"Se olharmos para as peças de reposição para carros e motores mais antigos, protótipos de novos produtos ou pequenos lotes de produção, veremos que a impressão 3D fará uma grande diferença", segundo Stefan Hoevel, gerente de desenvolvimento de processos de fabricação da Bosch Rexroth. 

A Bosch já está imprimindo objetos para criar protótipos que antes não podiam ser construídos ou cujos processos eram muito demorados. Hoevel diz que a fabricação de equipamentos poderá se tornar até 60% mais barata que os métodos convencionais de hoje. 

A técnica às vezes é conhecida como "fabricação cumulativa" em razão da maneira como plásticos, metais e outros materiais são construídos, camada por camada.





Na feira Electronica de Munique, em novembro, a "start­up" israelense Nano Dimension mostrou como a impressão 3D vai muito além de produzir peças simples. A impressora Dragonfly da companhia, do tamanho de um computador de mesa, pode criar placas de circuito impresso multicamadas ­ iguais as encontradas em smartphones e computadores que permitem a transmissão de sinais e potência. 

Amit Dror, executivo­chefe da Nano Dimension, diz que a impressão 3D de placas de circuitos estimulará o processo de pesquisa e desenvolvimento de protótipos, possibilitando às companhias eletrônicas colocar novos produtos no mercado mais rapidamente. 

Numa demonstração dos métodos mais recentes neste ano, a HP imprimiu um elo de corrente leve, de 115 gramas, em menos de 30 minutos ­ depois, ele foi preso a um guincho e levantou um carro. A impressora Jet Fusion 3D usada é jocosamente chamada de "a impressora que se imprime", por Stephen Nigro da HP, uma vez que quase metade de suas peças podem ser impressas. "Não estamos fazendo isso porque podemos", explica. "Acreditamos que a impressão 3D terá um papel fundamental na mudança da forma como o mundo projeta e fabrica." 

 "Talvez o caso mais dramático seja o das seguradoras de veículos, que hoje geram US$ 260 bilhões em prêmios anuais para as grandes companhias globais do setor e US$ 17 bilhões em lucros. Num futuro em que frotas de automóveis sem condutores se moverão cuidadosamente, a tendência é haver menos acidentes ­ e menos demanda por seguros. Nas economias maduras, o mercado pode encolher em mais de 80% até 2040"


Seguradoras de veículos

 Imagine um futuro em que frotas de automóveis sem condutores se movem silenciosamente e cuidadosamente pelas nossas cidades e zonas rurais, embarcando e desembarcando passageiros sem percalços. Haverá menos carros nas ruas e aqueles que estiverem em circulação tenderão a se envolver em menos colisões. 

Para alguns, isso é uma utopia. Mas para as companhias seguradoras poderá ser exatamente o oposto. Os seguros de veículos são um dos principais pilares do setor. Eles geram cerca de US$ 260 bilhões em prêmios anuais para as grandes seguradoras globais e US$ 17 bilhões em lucros, segundo uma pesquisa do Morgan Stanley e da Boston Consulting Group. Eles estimam que o segmento de seguros de automóveis tem um valor de mercado de cerca de US$ 200 bilhões. 

Analistas afirmam que a nova tecnologia ameaça grande parte dessa indústria de várias maneiras. Primeiro, menos carros e menos acidentes significa menos demanda por seguros. Nas economias maduras, o mercado poderá encolher em mais de 80% até 2040. Em segundo lugar, o seguro necessário será comprado por companhias como as montadoras, e não pelos consumidores. E como montadoras e companhias de tecnologia são melhores em coletar e usar dados, elas poderão estar numa posição mais privilegiada para vender seguros do que as próprias empresas de seguros. 

Seguradoras afirmam que, no curto prazo, o aumento da automação elevará o custo da cobertura de veículos, uma vez que é mais caro reparar carros cheios de dispositivos eletrônicos do que os modelos básicos, se eles se envolverem em acidentes. 

Murray Raisbeck, sócio de seguros da KPMG, diz que a nova tecnologia também vai criar oportunidades. "Haverá riscos diferentes que precisarão de seguro, como o risco da falha de um algoritmo, ou os riscos cibernéticos relacionados aos carros que dispensam condutores", disse. "Haverá menos metal retorcido e menos riscos de lesões corporais." 

Algumas seguradoras estão começando a reagir à mudança de cenário. No Reino Unido, a Axa uniu­se a uma série de grupos apoiados pelo governo, que estão buscando a melhor maneira de implementar a tecnologia que dispensa o condutor. No Japão, a Mitsui Sumitomo e a Tokio Marine, duas das maiores seguradoras do país, estão examinando novos tipos de produtos de seguros que possam vir a ser necessários. 

Mas Raisbeck diz que o setor como um todo precisa agir mais decisivamente para enfrentar as ameaças. "No Reino Unido, fala­se muito e se elogia muito, mas não há muito capital sendo investido em tecnologia ou em parcerias que venham a ser necessárias no futuro." 

"As seguradoras são boas em reagir à mudanças", acrescenta Raisbeck. "Mas as empresas automotivas e de tecnologia são concorrentes completamente diferentes, que aparecem para tentar roubar seu mercado."

 Oficinas mecânicas 

Os automóveis elétricos são sempre vendidos para os consumidores sob a premissa de que são mais limpos e de manutenção mais barata que os modelos movidos a gasolina ou diesel. Mas como eles não possuem praticamente nenhuma parte móvel ­ a não ser as rodas ­ os carros movidos a eletricidade apresentam outra vantagem: quase nada de errado acontece sob o capô. 

Isso pode ser bom para os condutores, mas representa um problema para as milhares de oficinas mecânicas que ganham a vida consertando automóveis movidos a gasolina ou diesel. 

O setor pós ­venda não só é uma fonte enorme de empregos dentro do setor automobilístico, como também é um dos ramos mais lucrativos dessa indústria. "O negócio de vender carros apresenta margens muito pequenas", diz Philippe Houchois, analista automotivo da Jefferies. 
"Mas enquanto tivermos carros com motor a combustão interna, os reparos continuarão sendo a principal fonte de lucros dos revendedores.

" Enquanto o motor de combustão interna de um carro vendido hoje pode ter vários milhares de peças móveis, o motor de um Tesla elétrico tem apenas 18 peças móveis, segundo o Crédit Suisse. 

"Os motores elétricos não precisam praticamente de nada", diz Steve Nash, executivo ­chefe do Institute of Motor Industry (IMI). 

A IMI estima que há 40 mil empresas pós ­venda somente no Reino Unido, que vão de grandes grupos como a Kwik Fit a um grande número de pequenas oficinas mecânicas independentes. É difícil calcular um número exato porque muitas não são afiliadas à IMI.



Analistas acreditam que a grande maioria dos carros elétricos que serão vendidos nos próximos anos terão uma forma de tecnologia híbrida que usará um motor e uma bateria. Mas os carros movidos apenas a bateria, uma parte crescente do mercado, exigirão um conjunto fundamentalmente diferente de técnica para serem mantidos, como conhecimentos elétricos. 

A Volkswagen disse recentemente que vai reciclar sete mil engenheiros em tecnologia elétrica, já que a montadora alemã quer que um quarto dos automóveis que produz sejam movidos a eletricidade até 2025. 

"Como eles se parecem com carros comuns, os políticos assumem que alguém que trabalha com automóveis também poderá se adaptar aos elétricos", diz Nash, chamando atenção para a necessidade de treinamento especializado e também para os riscos elevados de se mexer com um carro elétrico. 

"É arriscado ocupar­se de um carro elétrico. A bateria de um carro desses pode produzir até 400 volts de corrente elétrica. Isso é pior do que ser amarrado a uma cadeira elétrica." 

Consultoria financeira 

Os consultores financeiros tradicionais se depararam com uma regulamentação intensa nos últimos anos e agora correm o risco de serem usurpados pelos algoritmos. A profissão começou a ter problemas em 2006, quando o órgão regulador do setor financeiro do Reino Unido anunciou uma investigação sobre a maneira como os fundos estavam sendo vendidos aos pequenos investidores. 

Novas regras introduzidas em 2013 alteraram o modelo de negócios dos consultores, impedindo as gestoras de fundos de pagar comissões a eles e aumentando o nível mínimo de qualificações que os consultores precisam ter. 

A Liberatum, uma associação de consultores financeiros, estima que 13.500 consultores deixaram o setor após a implementação das novas regras, enquanto a Financial Conduct Authority do Reino Unido (FCA) coloca esse número em dois mil. 

A proibição da comissão, que eliminou a principal fonte de renda dos consultores, forçou aqueles que permaneceram no negócio a aumentar as taxas cobradas dos pequenos investidores, ou aumentar os investimentos mínimos aos quais eles oferecem consultoria. 

Subitamente impedidos de ter consultores, grupos de investidores começaram a se voltar para uma nova espécie de "consultores robô", surgida em 2012. Os consultores robôs ­ sites que recomendam uma carteira de fundos com base nas respostas dos investidores a um questionário online ­ vêm tentando transformar a consultoria face a face tradicional, oferecendo uma alternativa de baixo custo aos clientes que se mostram cada vez mais confortáveis com o investimento digital. 

O Citigroup estima que os ativos gerenciados pelos consultores ­robôs poderão chegar a US$ 5 trilhões em termos globais na próxima década. Bancos, gestores de ativos e de fortunas também detectaram o potencial do consultor ­robô para ajudar os clientes de varejo, entrando em um espaço antes dominado por ágeis companhias de tecnologia financeira. 

Os bancos britânicos Barclays, Royal Bank of Scotland, Lloyds Banking Group e Santander UK estão desenvolvendo sites de investimentos online, assim como o banco suíço UBS e as gestoras de fortunas Investec Wealth, Brewin Dolphin e Killik & Co. 

Outras grandes companhias compraram "start­ups". A gestora de ativos Schroders adquiriu uma participação de 12 milhões de libras na consultora ­robô Nutmeg, enquanto a Allianz Global Investors comprou uma posição na Money Farm, lançada na Itália. 

Nos EUA, os serviços automatizados de gestão de fortunas cuidam de carteiras de ETFs e também reinvestem dividendos e otimizam a eficiência tributária. A Betterment, que cobra de 0,15% a 0,35%, hoje administra US$ 6,7 bilhões em ativos para 210 mil clientes. 

Na revisão do mercado de consultoria financeira feita pela FCA este ano, ela e o Tesouro britânico disseram que iriam tentar facilitar o oferecimento de consultoria financeira online a baixo custo, depois que constataram que dois terços dos pequenos investidores estavam comprando produtos financeiros sem aconselhamento. 

A popularidade crescente dos fundos passivos também parece que vai estimular o crescimento dos consultores ­robôs nos próximos anos ­ eles geralmente encorajam os investidores a aplicar seu dinheiro em carteiras passivas, em vez de fundos gerenciados por administradoras mais caras. 

Segundo a Morningstar, os ativos administrados por fundos passivos cresceram 230% em termos globais desde 2007, atingindo US$ 6 trilhões. No mesmo período, os fundos administrados de maneira ativa dobraram de tamanho, para US$ 24 trilhões. 

(Traduzido por Mario Zamarian)

As pessoas mais felizes e bonitas são as fora dos padrões de beleza e juventude

mirian goldenberg
Mirian Goldenberg
É antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de 'Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade'.

Mulheres passam por um massacre: Por que você não faz uma plástica? Não quer parecer mais jovem?
Mulheres passam por um massacre: Por que você não faz uma plástica? Não quer parecer mais jovem?

Por que você não faz uma cirurgia para corrigir as pálpebras caídas? E preenchimento ao redor dos lábios para tirar o bigode chinês?

Tenho sofrido um bombardeio de perguntas perturbadoras como estas, especialmente por parte de algumas amigas. Elas insistem que eu preciso, urgentemente, fazer algumas "correções" nas pálpebras, pescoço e seios, além de lipoaspiração e aplicação de botox, lifting facial e outros procedimentos disponíveis no mercado da beleza.

Até recentemente as perguntas para quem pensava em fazer uma cirurgia plástica eram: Por que você quer fazer? Você acha que vale a pena correr o risco de ficar deformada e até mesmo de morrer?

Hoje, as perguntas mudaram e sou testemunha de um massacre sobre as mulheres: Por que você não faz uma plástica? Você não quer parecer mais jovem?

A resposta mais óbvia é que eu tenho medo de ficar com a "cara plastificada". Mas elas dizem: Ninguém vai perceber, fica muito natural. Digo que receio as complicações pós-operatórias. Elas são contundentes: É só fazer com um excelente cirurgião, não tem riscos. Falo que não sou tão vaidosa quanto elas, que só uso filtro solar e nem sei como fazer uma maquiagem básica. Elas reagem indignadas: Você não quer ficar dez anos mais jovem? Você é culpada por estar ficando uma velha!

A verdadeira resposta é que eu acredito que os velhos são lindos. Não consigo achar que uma pele esticada e um nariz perfeito são mais bonitos do que as rugas que contam a história de uma vida plenamente vivida.

Tenho o hábito de ficar observando as pessoas em todos os lugares. Adoro ir à praia só para ver corpos de todos os tipos, tamanhos, cores e idades. As pessoas que eu acho mais bonitas, e que parecem mais felizes, são justamente aquelas que estão completamente fora dos padrões de beleza e de juventude.

Apesar de ter muitos medos com relação ao meu envelhecimento, decidi investir o meu tempo, dinheiro e energia nos meus projetos de vida, e não me angustiar tanto com as transformações inevitáveis do meu corpo.

Afinal, se eu acredito que é possível inventar uma bela velhice, por que faria uma cirurgia plástica para fingir que sou mais jovem?

Feliz 2017 para todos: os velhos de hoje e os velhos de amanhã! 

No novo ano, vamos refletir sobre como ouvir mais e melhor as crianças

rosely sayão
Rosely Sayão
Psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia a dia dessa relação. 

O ano foi difícil em vários aspectos e a maioria deles afetou a vida pessoal de cada um de nós. Chegamos aos últimos dias querendo que o ano termine logo –como se um novo ano pudesse resolver a maioria dos problemas que enfrentamos!

O fato é que estamos estressados, exaustos, pressionados, frustrados etc., e queremos começar uma nova etapa.

Se para nós o ano foi difícil, para as crianças não foi diferente. Lidar com um mundo hostil, com o cansaço e o desânimo de muitos pais e com a braveza exagerada e a falta de paciência que isso provoca não deve ter sido fácil para elas!

Muitas adoeceram, não conseguiram colocar em ato o potencial que têm para aprender, arrumaram confusões desnecessárias com pais, educadores e pares, transgrediram sem motivos etc.

Então, caro leitor, hoje convido você a refletir sobre algumas mudanças para melhorar a vida de nossas crianças. Esse convite eu envio a todos os adultos, tenham eles ou não filhos, sobrinhos e/ou netos, alunos. Todos nós, integrantes da sociedade, temos responsabilidades em relação aos mais novos.

Precisamos ter muito mais paciência com eles, porque exigem muito de nós, e temos a responsabilidade de estar disponíveis para eles, não apenas nos bons momentos, mas principalmente nos episódios que nos fazem ver a criança e o adolescente reais, que são como eles são e não como queríamos que fossem.

Em muitos momentos iremos enfrentar a teimosia, a desobediência e a rebeldia, o confronto direto e muitas vezes agressivo na convivência com eles. Por isso, paciência é fundamental: nos permite atuar com mais foco nas questões que eles nos apresentam e não em nossos sentimentos e decepções.

Precisamos agir mais quando eles nos solicitam e não apenas falar, falar, falar, e esperar que nossos comandos e nossos discursos tenham efeito de decretos a serem cumpridos por eles.

É que eles entendem muito bem, no sentido da compreensão cognitiva, as ideias e as ordens que dirigimos a eles. Sem nossa ação em parceria com nossas palavras, porém, nada acontece!

Falar para uma criança que ela não deve fazer determinada coisa não funciona tanto quanto falar e impedir que ela faça. Apenas orientar um adolescente também não funciona tanto quanto se, com a orientação, houver a tutela dos pais e/ou professores, mesmo que discreta.

Precisamos colocar em prática os sentimentos que temos pelos filhos, e não apenas fazer declarações de amor a eles. E se existe uma prática extremamente amorosa, é a escuta ativa e paciente do que eles expressam –não apenas do que eles falam, mas também e principalmente do que eles não conseguem falar diretamente e por isso representam, dizem nas entrelinhas, usam personagens para narrar o que ocorre com eles.

Se uma garota disser que tem uma amiga grávida, pode ser que ela precise saber o que os pais fariam caso isso ocorresse com ela; se um jovem diz que um amigo usa drogas e passa mal, ele pode querer ter informações sobre o assunto para ele mesmo.

Precisamos lembrar, todos os dias, que o amor que sentimos por nossas crianças e adolescentes precisa ser menos falado e mais atuado. Eles necessitam saber, por nossas atitudes, que são prioridade em nossas vidas.
Meus votos para um ano melhor para cada um de nós e, principalmente, para nossas crianças!

A todos, desejo um ótimo início de nova jornada. Saúde e coragem!

'Fator experiência' não é levado em conta por muitas empresas


Mara Luquet | O Assunto é Dinheiro

Profissional acima dos 50 anos também precisa aprender a identificar suas competências e seu diferencial.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Os bebês que já nascem em clínicas de reabilitação para dependentes de drogas

BBC

Segundo o serviço público de saúde da Grã-Bretanha, o NHS, em média três bebês nascem viciados em drogas a cada dia na Inglaterra devido ao hábito das mães.
Uma instituição de caridade, a única do país, tenta manter os recém-nascidos junto com os pais durante o programa de reabilitação.
Rachel (nome fictício) é uma das muitas mães que frequentam a Trevi House, em Plymouth, no sudoeste da Inglaterra, na esperança de se livrar do vício em heroína.
Depois de sofrer com violência doméstica durante dez anos, ela conta que foi obrigada a se prostituir e isto a levou aos problemas com as drogas.
"É um estilo de vida. Então um dia você acorda e percebe que é viciada. Sinto culpa todos os dias da minha vida, esta culpa vai ficar comigo", disse.
O bebê de Rachel já nasceu dependente de drogas.
O problema se repete em todo o Reino Unido. Na Inglaterra, 1.087 bebês nascidos em 2014 e 2015 foram afetados pelo uso de drogas pelas mães.
Na Escócia, foram 987 bebês entre 2012 e 2015, enquanto no País de Gales foram 75 casos, entre drogas e bebidas alcoólicas em 2015 e neste ano.
Quase todas as drogas passam da mãe para a corrente sanguínea do feto durante a gravidez. Estas crianças já nascem viciadas e sofrendo os efeitos da abstinência - o que é conhecido como síndrome de abstinência neonatal.

Brasil


Entre os sintomas comuns dos recém-nascidos viciados em opiáceos, como heroína e metadona, está tremor incontrolável, choro estridente e manchas na pele.
No Brasil, o Ministério da Saúde informou que nos últimos cinco anos o número médio anual de registros de "sintomas de abstinência neonatal de drogas utilizadas pela mãe" foi de 76.
Mulheres dependentes de álcool e seus filhos que nascem com os sintomas de abstinência neonatal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), informou o órgão à BBC Brasil.
Crianças que nascem com alterações congênitas que "impliquem algum tipo de deficiência" recebem tratamento na Rede de Atenção às Pessoas com Deficiência. As gestantes e mães usuárias de drogas são atendidas na Rede de Atenção Psicossocial.
O Ministério da Saúde também cofinancia 2.340 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), especializados em tratamento na área de álcool e outras drogas, e 209 CAPS infanto-juvenis, além de cofinanciar também equipes de profissionais de saúde que atendem a população em situação de rua, inclusive para usuários de álcool, crack e outras drogas.
Na Grã-Bretanha, em muitos casos, bebês como o de Rachel são entregues aos cuidados de um familiar da mãe. Mas especialistas acreditam que os resultados do tratamento para a criança e a mãe são melhores quando eles são mantidos juntos na recuperação.

Reabilitação rigorosa


Depois do fechamento de outras organizações, a Trevi House é o único centro deste tipo na Grã-Bretanha.
Inaugurada em 1993, a instituição pode receber até dez mulheres de uma vez. Elas não tem permissão para sair do local sem supervisão.
Cada mãe segue um plano rigoroso de reabilitação que inclui sessões de terapia diárias, encontros em grupo, exames médicos e checagens dos serviços sociais.
O custo para manter uma mãe e o um bebê no centro é de 1,5 mil libras por semana (cerca de R$ 6,3 mil).
A verba para manter uma mãe e seu filho no programa frequentemente vem de acordos entre serviços que cuidam de adultos viciados em drogas e serviços sociais voltados para crianças.
As mulheres que vivem no centro insistem que, ao lado dos filhos, elas têm mais chances de abandonar o vício.
Louise (nome fictício), que se viciou em heroína durante a adolescência, teve os primeiros filhos levados pelas assistentes sociais.
"Quis me matar quando eles foram levados. Tentei várias vezes", contou Louise à BBC.
Agora ela afirma que só consegue se manter no programa para reabilitação porque o filho está junto com ela.
"Ter ele comigo é incrível. Eles tentaram levá-lo logo que nasceu."

Segunda chance


Emma teve gêmeos quando ainda tentava se livrar do vício em heroína

Emma completou o programa na Trevi House em 2015 e manteve a custódia dos dois gêmeos.
"A verdade é que é muito triste que tantas mulheres como eu sejam simplesmente desprezadas: (As pessoas dizem) 'ah, você é uma viciada em drogas, não pode ficar com seu filho'", disse Emma à BBC.
"Elas não merecem isso. As pessoas merecem uma chance, elas merecem ajuda e seus filhos também merecem."
Emma agora está em recuperação e já recebeu uma oferta de uma casa para morar em uma comunidade próxima da instituição de caridade.
"As mulheres que encontrei aqui são fenomenais. Algumas das histórias que ouvi, algumas das coisas pelas quais estas mulheres passaram, você não poderia imaginar nem em seu pior pesadelo", contou Emma.
Entre dezembro de 2013 e dezembro do ano passado, 65% das crianças saíram da Trevi House acompanhadas das mães, que já não estavam mais viciadas em drogas ou bebidas alcoólicas.
Porém, alguns analistas ressalvam que a rotina na instituição de caridade, com cuidados 24 horas por dia, não reflete a vida real e temem que, fora do programa, as mães sofram recaída.
Hannah Shead, diretora-executiva da instituição, discorda. "Cada mãe aqui fala que não conseguiria se recuperar sem o filho. Ela não conseguiria se concentrar no que ela precisa fazer", diz a diretora.
"E a criança separada (da mãe) ou fica sob os cuidados do governo ou sob os cuidados de familiares que não são as mães. Então, manter os dois juntos é melhor para a mãe e para a criança", acrescentou.

Rachel contou à BBC que sempre se sentirá culpada por ter feito o bebê passar por todos os problemas com drogas
Com alguns meses pela frente no programa da Trevi House, Rachel conta está ansiosa por uma vida normal, sem drogas nem violência.
"Não culpo meus parceiros, não culpo ninguém pelo que me aconteceu. Tenho que assumir a responsabilidade por isso, pois foi minha escolha tomar drogas", disse.
"Nunca vou me perdoar, mas estou usando esta culpa como uma força, pois viver no passado vai me levar de volta à estaca zero", contou.

MEC deve atuar como vigilante da qualidade do Ensino Médio


Ilona Becskeházy e Paula Louzano | Missão Aluno


Além de flexibilizar as normas para obter diploma, projeto de reforma do Ensino Médio dá uma série de mecanismos para facilitar a entrada da iniciativa privada na oferta educacional.

Mario Sergio Cortella 'Há criaturas que, para subirem, descem tanto que a vitória se transforma em derrota'


Mario Sergio Cortella | Academia CBN

Reflexão do poeta paulista Paulo Bonfim, em seu livro 'Colecionador de minutos', fala sobre pessoas que fazem qualquer coisa pra chegar onde quereriam estar e se rebaixam para ficarem num lugar mais alto, não necessariamente superior.

Contato com álcool antes dos 15 anos aumenta risco de uso problemático


Luis Fernando Correia | Saúde em Foco

Pesquisadores descobriram que a idade do primeiro contato com o álcool tem relação com problemas com relação à bebida. A pesquisa foi desenvolvida após observações de que a dependência do álcool se desenvolvia com padrões relacionados à idade da descoberta das bebidas.

Luiz Felipe Pondé A política do cidadão narcisista é a negação do constrangimento do desejo

luiz felipe pondé
Luiz Felipe Pondé
Filósofo, escritor e ensaísta, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, discute temas como comportamento, religião, ciência.

Vivemos um momento suicida. O projeto contemporâneo é realizarmos todos os nossos desejos sozinhos e deixar como herança três latas de lixo reciclável como prova de que nosso suicídio foi sustentável. A espécie optou pelo suicídio como forma de felicidade. Que viva o indivíduo, mas desapareça a espécie. Sim, digo isso com votos de feliz ano novo.

Será que a espécie sobrevive a esse surto de felicidade individual? Entenda-me: não acho que haja retorno a formas "regressivas" (como gostam de falar os deleuzianos) de convívio. Só aconteceria isso se a riqueza acabasse. O momento suicida é fruto dessa riqueza. Justamente por isso suspeito que o projeto esteja em curso de forma irreversível e travestido de uma obsessão incontrolável pelo direito ao narcisismo como modo empoderado de autonomia. O vazio de afeto como um exemplo tardio de direitos humanos. Nunca desconfiamos tanto uns dos outros como nessa era dos "coletivos de arte".

Ricardo Cammarota/Folhapress
Ilustração Luiz Felipe Pondé de 26.dez.2016

A cultura do narcisismo atingiu seu estágio propositivo, isto é, não se trata mais de um comportamento patológico, mas sim de um estilo que não tem medo de dizer seu nome. É uma forma de cidadania.

Fincado na ideia de que o centro da vida é a realização de projetos individuais sem limites no mundo real, o cidadão do narcisismo assume que seu imaginário pessoal é o propósito cósmico da Criação –aviso aos inteligentinhos que uso "Criação" como metáfora aqui.

Engana-se quem pensa que ele não tenha uma política. Ele tem. A política da negação de qualquer constrangimento do desejo. Engana-se quem acredita que ele não tenha projetos sociais. Principalmente aqueles que servem à própria vaidade sem oferecer qualquer forma de risco concreto, como apoiar os refugiados sírios na Europa, uma vez que esses refugiados não morarão na casa dos cidadãos do narcisismo. Cidadãos do narcisismo adoram crianças da África, principalmente porque estão longe delas.

A arte desse cidadão é qualquer coisa, contanto que ele tenha um gozo anal em fazê-la. A "libertação da forma", em si um debate estético consistente, acabou servindo bem a esta forma de cidadania.

A ética do cidadão do narcisismo tem seu imperativo categórico cunhado no culto da forma do eu e do corpo, jamais na condição de quem se perde num afeto. Aliás, a afetividade desse cidadão é chorar com os próprios bons sentimentos.

Há psicanalista por aí que afirma mesmo que esse cidadão é um avanço, na medida em que não sofre do imaginário de amor que o neurótico sofria. O cidadão livre do contrato narcísico não ama. Superou esta forma primitiva de neurose em favor da circulação livre de afetos desconexos. Por isso é tão sensível aos animais, que nunca põem em xeque o amor.

Formas "pós-modernas" de psicoterapias surgem no mercado dos consultórios na zona oeste de São Paulo oferecendo novas definições de psicopatologia. A saúde mental nessa nova forma de cidadania é se amar acima de tudo e se levar muito a sério sempre.

O cidadão do narcisismo leva a sério afirmações como "procurar a si mesmo para sempre". Ou "direito à inveja e ao ressentimento como formas de autonomia". É o cidadão do narcisismo que está por trás das "revoluções" geradas pelas mídias sociais, paraíso do narcisismo. Risco zero, como ver a própria morte pela Netflix.

E por que um "momento suicida"? Porque, até ontem, sabia-se que o narcisismo é uma síndrome de pessoas incapazes de viver por si mesmas, vampiros da saúde mental alheia, inaptos ao afeto. Sorrisos desatentos confessam o projeto suicida sem a mínima noção.

Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.) dizia que a única forma de liberdade que existe é quando se ama, porque assim saímos da condição de vaidade em que nos encontramos por conta do pavor do vazio que nos corrói. A consciência de sermos filhos do nada se impõe na mais tenra infância. O medo infantil é o olfato deste nada.

Pois então. O momento suicida é aquele em que cidadãos conscientes dos riscos pelos quais passa o planeta optam pelo narcisismo como forma avançada de estar no mundo. Esses cidadãos perderam o olfato do nada. 

domingo, 25 de dezembro de 2016

Os seis motivos que levaram o império soviético à ruína de maneira surpreendente

BBC

Foi um colapso espetacular, que deixou o mundo perplexo e cujas ondas de choque ainda são sentidas 25 anos depois.
Como a União Soviética, uma superpotência integrada por 15 repúblicas, desmanchou-se de forma tão rápida e inesperada em dezembro de 1991?
Como o bloco socialista, dono de enorme influência política, ideológica, econômica e tecnológica, e que marcou a história do século 20, deixou de existir quase de um dia para outro?
Estamos falando de um império que nasceu da Revolução Comunista de 1917 e chegou a ocupar um sexto do território do planeta, abrigando cem nacionalidades.
E que ajudou a derrotar Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, protagonizou a Guerra Fria junto com os EUA, além de ser pioneiro na corrida espacial, enviando o primeiro satélite da história, o Sputnik, e colocando o primeiro homem no espaço, Yuri Gagárin.
Isso sem falar em destaques nos esportes, nas artes e na literatura.

"Profissionais bem educados transformaram-se em um grupo social significativo e influente"
"A velocidade com que o Estado soviético se desintegrou foi uma surpresa para quase todos", disse à BBC Mundo (o serviço espanhol da BBC) Archie Brown, professor emérito de Política e especialista em temas soviéticos da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Segundo Brown e outros especialistas que estudaram o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), há seis razões principais para explicar o colapso da superpotência, oficializado no Dia de Natal de 1991.

1. Autoritarismo e centralização

A origem da URSS remonta a 1917, quando a revolução bolchevique depôs o czar Nicolau 2º e estabeleceu um Estado socialista nos territórios do que até então era o Império Russo.
Em 1922, logo após a Rússia anexar repúblicas mais distantes, foi estabelecida então a gigantesca união, cujo primeiro líder foi o revolucionário marxista Vladimir Lênin.
Mas, desde o início, governar um Estado tão complexo e diverso era extremamente difícil.
Ainda que originalmente o plano era que a URSS tivesse uma sociedade democrática, em substituição à autocracia czarista, o bloco acabou tomando o caminho do autoritarismo, consolidado com a ascensão de Josef Stálin ao poder, em meados da década de 1920.
A Constituição soviética, adotada nos anos 1930 e modificada nos anos 1970, estabelecia que as regiões e nacionalidades estariam representadas em um parlamento conhecido como Soviete Supremo.
Na prática, porém, todas as decisões, incluindo a eleição do líder da URSS, ficavam nas mãos do Partido Comunista --mais precisamente um pequeno grupo de dirigentes poderoso, o Politburo.
Com Stálin, o Estado começou a controlar cada aspecto da vida política, econômica e social. Aqueles que se opunham a suas medidas eram presos e enviados a campos de trabalhos forçados (os Gulags) ou executados.
O cotidiano de 290 milhões de soviéticos era de opressão e exclusão das decisões que tinham um forte impacto em sua existência.
Mesmo após a morte de Stálin, em 1953, e a condenação pública de suas atrocidades pelos líderes soviéticos, o Partido Comunista continuou ditando o destino do país.

2. O 'inferno' da burocracia

O autoritarismo e a centralização da União Soviética resultaram em uma burocracia sem fim e que estendia seus tentáculos a todos os cantos do território e a todos os aspectos da vida cotidiana.
Tudo era uma questão de documentos, selos, procedimentos de identificação e notas.
"A União Soviética acabou sendo um estado ineficiente", explica Archie Brown.

3. Economia falida

A centralização e a burocracia tiveram impacto no sistema econômico soviético, que tinha como base a ideia do teórico do comunismo Karl Marx (1818-1883) de socializar os meios de produção, distribuição e intercâmbio.
Isso significou que a economia do enorme bloco foi planificada e regida pelos chamados planos quinquenais, que estabeleciam metas para todas as atividades.
A força de trabalho, que alcançou 150 milhões de pessoas, dedicava-se majoritariamente à indústria, e em muito menor proporção à agricultura.
Stálin patrocinou um forte processo de industrialização que se concentrou nos setores petrolífero, siderúrgico, químico, minerador, processamento de alimentos, automotivo, aeroespacial e defesa.
Mas a URSS perdeu a corrida pela hegemonia econômica com os EUA, seu principal rival. No final dos anos 1980, o PIB soviético era apenas a metade do americano.
"Estava claro que as políticas econômicas soviéticas falhavam. A taxa de crescimento vinha caindo desde o final dos anos 1950", explica Brown.
O cineasta britânico Adam Curtis, autor do documentário Hypernormalisation, que tem o colapso da URSS como parte da narrativa, diz que a economia soviética durante muito tempo se baseou em ilusões.
"Todos, dos políticos à gente comum, fingiam que a economia era pujante. Na verdade e na intimidade, porém, sabia-se que havia buracos por todos os lados e que estava destinada ao fracasso."
Archie Brown ressalta que, devido aos problemas econômicos, a expectativa de vida dos homens soviéticos se reduziu (algo também atribuído por analistas ao consumo excessivo de álcool), ao mesmo tempo em que a mortalidade infantil aumentou. E a estagnação econômica fortaleceu o setor informal e o mercado negro.

4. Melhor educação

Com o passar dos anos, o nível geral de instrução dos soviéticos melhorou e milhões de pessoas foram para a universidade. Apesar de o Estado restringir o contato com o exterior, esses indivíduos começaram a ter maior conhecimento sobre o mundo.
"Profissionais bem educados transformaram-se em um grupo social significativo e influente", diz Brown.
"Estavam abertos à liberalização que viria em meados da década de 1980, com o reformista Mikhail Gorbachev", completa.

5. As reformas de Gorbachev

Para Brown, Mikhail Gorbachev, o homem que ocupou a presidência da União Soviética entre 1985 e 1991, é um fator determinante para explicar o desmanche da superpotência --chegou ao poder como um reformista do sistema, mas terminou como seu "coveiro".
Quando se converteu em secretário-geral do Partido Comunista, em março de 1985, Gorbachev lançou um dramático programa de reformas para tentar equilibrar um economia problemática e uma estrutura política ineficiente e insustentável.
Seu plano tinha dois elementos cruciais: a "Perestroika" e a "Glasnost" (respectivamente reestruturação e abertura, em russo).
A "perestroika" consistia em relaxar o controle do governo sobre a economia. Gorbachev acreditava que a iniciativa privada impulsionaria a inovação, por isso permitiu que indivíduos e cooperativas fossem donos de negócios pela primeira vez desde os anos 1920. E promoveu investimentos estrangeiros em empresas soviéticas.
Gorbachev também concedeu aos trabalhadores o direito de greve.
Já a "glasnost" consistia em eliminar os resquícios da repressão stalinista, como a proibição da publicação de livros de autores como George Orwell e Alexander Solzhenitsyn, e dar mais liberdade aos cidadãos soviéticos.
Gorbachev libertou presos políticos e permitiu que a imprensa publicasse críticas ao governo. Ele também determinou a realização de eleições para o Legislativo e pela primeira vez permitiu que outros partidos políticos fizessem campanha.
Os soviéticos celebraram a democratização, mas as reformas para introduzir a economia de mercado no país demoraram demais para dar frutos. Houve aumento de preços, racionamento, filas intermináveis para obter produtos. Tudo isso gerou frustração cada vez maior com a administração de Gorbachev.
O líder também enfrentou enorme oposição das alas mais conservadoras do Partido Comunista, que em 1991 articularam um golpe para tentar derrubá-lo. O levante fracassou por causa da rejeição popular e o respaldo do então presidente da Rússia, a principal república soviética, Boris Yeltsin.
Ainda assim, Gorbachev renunciou ao cargo em 25 de dezembro daquele ano. No dia seguinte, assinou a declaração de dissolução da União Soviética.
Em seu discurso de despedida, o último líder da URSS fez um mea culpa: "O velho sistema desabou antes que o novo começasse a funcionar".
Archie Brown explica que o caso soviético fugiu de um típico processo em que crises políticas e econômicas levam à liberalização e à democratização. "Foram justamente a liberalização e a democratização que levaram o sistema a um ponto de crise, pois permitiram a expressão do descontentamento."
"Sem reformar, era capaz de a URSS seguir existindo nos dias de hoje", acrescenta.

6. Revoluções e movimentos separatistas

O objetivo de Gorbachev não era apenas transformar as práticas econômicas e a política interna da União Soviética, mas também mudar a maneira como o bloco encarava as relações internacionais.
O líder tinha claro que o mundo estava mas interdependente e que o êxito da economia soviética estava condicionado a melhores vínculos internacionais. Ele também acreditava que havia interesses e valores universais que se sobrepunham à divisão entre Ocidente e Oriente.
E que nações tinham direito por si mesmas a decidir que sistema político e econômico queriam. Foi por isso que Gorbachev decidiu abandonar a corrida armamentista, além de retirar as tropas soviéticas estacionadas no Afeganistão desde 1979, reduzindo ainda sua presença militar na Europa Oriental.
Essas decisões levaram ao fim da Guerra Fria e à derrocada dos governos comunistas dos países satélites da URSS na Europa: o movimento teve início em 1989, na Polônia, com a vitória do movimento sindicalista Solidariedade nas eleições nacionais. Naquele mesmo ano, caiu o Muro de Berlim, o grande símbolo da divisão Leste-Oeste e, na Checoslováquia, a "Revolução de Veludo" derrubou o governo comunista.
Na Romênia, o levante se tornou violento: o líder comunista Nicolae Ceaucescu e sua esposa foram fuzilados.
"Quando poloneses, tchecos e outros povos conseguiram tomar o controle, isso teve um efeito desestabilizador na própria URSS", explica Archie Brown.
A política não-intervencionista de Gorbachev e os problemas econômicos soviéticos alimentaram movimentos separatistas nas repúblicas do bloco. Os países Bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) foram os primeiros a romper com Moscou. Logo depois, Belarus, Rússia e Ucrânia se separaram e criaram a Comunidade de Estados Independentes.
No final de 1991, oito das nove repúblicas que ainda se mantinham na URSS declararam independência --a Geórgia o faria alguns anos depois.
Assim, extinguiu-se a outrora toda poderosa União Soviética.