sábado, 27 de agosto de 2016

4% dos alunos entre 13 e 15 anos já foram estuprados no país

4% dos alunos entre 13 e 15 anos já foram estuprados no país

O dado é da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que levantou hábitos e ocorrências de risco para a saúde dos adolescentes


BEATRIZ MORRONE (TEXTO) E FLÁVIA YURI OSHIMA (EDIÇÃO)
26/08/2016 - 18h57 - Atualizado 26/08/2016 21h16

Em 2015, cerca de 105 mil estudantes do 9º ano do ensino fundamental relataram ter sido forçados a ter alguma relação sexual. O número representa 4% dos 2,6 milhões de alunos entre 13 e 15 anos, das redes pública e privada de ensino. Os dados são da última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada nesta sexta-feira (26), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do estudo, que está em sua terceira edição – as anteriores aconteceram em 2009 e 2012 –, é conhecer e dimensionar os riscos que ameaçam a saúde de adolescentes.

O(a) namorado(a), atual ou não, foi apontado como responsável por forçar o ato sexual em 26,6% dos casos; amigos, em 21,85%; pai, mãe, padrasto ou madrasta, em 11,9%; e outros familiares, em 19,7%. É a primeira vez que esse critério é analisado pela pesquisa.

A iniciação sexual já havia acontecido, em 2015, para 27,5% dos alunos do 9º ano. Entre eles, 39% não usaram preservativo na primeira experiência sexual e 33,8% não usaram na última. Cerca de 9% das meninas que se relacionaram sexualmente afirmaram já ter engravidado – 9,4% delas eram alunas da rede pública e 3,5% da rede privada. A pesquisa também analisou fatores como consumo de álcool e drogas, alimentação e prática de atividade física.



Álcool e drogas

Entre os consultados, 1,5 milhão de alunos, ou 55,5% do total, já consumiram ao menos uma dose de bebida alcoólica. O índice é superior ao registrado em 2012: 50,3%. Quando questionados sobre a ingestão de álcool entre os 30 dias que antecederam a pesquisa, 23,8% dos estudantes confirmaram o consumo – número menor que 26,1% observado em 2012. Nos dois quesitos, as meninas foram as maiores responsáveis pelos resultados: 56,1% delas afirmaram já ter experimentado bebida alcoólica, enquanto o percentual entre os meninos foi de 54,8%. Ao consumo recente, 25,1% delas e 22,5% deles responderam sim. 

Quando o assunto foram as drogas ilícitas, 9% dos alunos (236.800) confirmaram o consumo ao menos uma vez na vida. Entre eles, 46,6% disseram que o uso aconteceu até 30 dias antes da pesquisa. Maconha, cocaína, crack, lança-perfume e Ecstasy foram algumas das substâncias citadas pelo estudo. Ao contrário do observado em relação ao álcool, o consumo de drogas foi mais intenso entre os meninos do que entre as meninas: 9,5% e 8,5%, respectivamente. Discrepância maior foi observada quando comparada a rede pública, cuja incidência de consumo foi de 9,3%, com a rede privada, que registrou 6,8%. Entre o total de estudantes do 9º ano, 0,5% consumiram crack ao menos uma vez no mês que antecedeu a pesquisa.



Violência e agressividade na família
Entre os jovens do 9º ano, 14,5% afirmaram ter sido agredidos por algum adulto da família entre os 30 dias que antecederam a pesquisa. As agressões foram mais frequentes entre as meninas do que entre os meninos: 15,1% e 13,8%, respectivamente. Entre as brigas mencionadas, 5,7% envolveram armas de fogo e 7,9% armas brancas, como faca, canivete e porrete.

Alimentação

O feijão foi apontado como hábito alimentar por 60,7% dos alunos; legumes e verduras, por 37,7%; frutas frescas, por 32,7%. O critério foi o consumo igual ou superior a cinco vezes por semana. Todos esses alimentos foram apontados pela pesquisa como marcadores de alimentação saudável.

Entre os considerados não saudáveis, os percentuais foram inferiores. Guloseimas, como doces, balas e chocolates, fazem parte da rotina de 41,6% dos estudantes; salgados ultraprocessados, como hambúrgueres e embutidos, de 31,3%; refrigerantes, de 26,7%; e salgados fritos, de 13,7%.

Atividade física

A maioria dos estudantes do 9º ano foi considerada insuficientemente ativa. No critério adotado pela pesquisa, isso significa que a criança pratica alguma atividade física durante zero a 299 minutos por semana. Sessenta por cento dos alunos foram enquadrados nessa faixa. Os ativos, que se exercitaram por 300 minutos ou mais no intervalo de sete dias, representaram 34,4% do total. Uma minoria de 4,8% disse não praticar qualquer atividade física.

Em comparação aos resultados aferidos em 2012, houve melhora: apenas 30,1% dos alunos do 9º ano eram fisicamente ativos naquele ano. O trajeto percorrido para chegar em casa ou na escola e as aulas de educação física foram alguns dos exercícios físicos considerados pela pesquisa. Meninos foram apontados como mais ativos: 44%, em comparação a 25% das meninas.

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