FÍSICO E EDUCADOR DA USP
Os resultados do Pisa depõem contra a eficácia de nossa escola, não contra nossos estudantes. A maioria dos jovens revela habilidades raramente motivadas no ambiente escolar. O que lhe oferecemos hoje é uma ciência que não conversa com sua vida. Temos frequentemente uma educação formal e insuficiente no Brasil, que dos alunos apenas demanda uma reprodução cartorial do exposto no quadro ou memorizado via apostila. Por isso, os estudantes não incorporam um aprendizado que, antes de tudo, envolva seu contexto, para em seguida transcender sua vivência e lhe garantir visão de mundo.
Para mudarmos esse cenário, seria preciso ter, em primeiro lugar, uma formação de professores mais eficaz, pois se eles também não tiverem as habilidades desejáveis aos estudantes, nem as metodologias apropriadas, não se pode esperar outro resultado. Também não se trata de culpar docentes, pois se eles aprenderam de certa forma, não saberão ensinar de outra. É preciso mudar a cultura escolar. A escola tem de ser espaço de produção cultural e debate, não espaço de adestramento de alunos para provas, não lhes oferecendo oportunidade para formular hipóteses, debatê-las e verificá-las. Essa é a prática das boas escolas em outros países.
A ciência escolar está em descompasso com a vivência pessoal do aluno, que se envolve intensamente com a tecnologia e é preciso que a escola trate de se aproximar. O estudante se encanta com programas e filmes que ilustram a compreensão atual do macrocosmo e do microcosmo, e é preciso que a ciência escolar acompanhe esse encantamento.
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