segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Como conciliar sono e tecnologia

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JAIRO BOUER
É médico formado pela USP, com residência em psiquiatria. Trabalha com comunicação e saúde.

Além de checar o tempo de uso das redes sociais e os conteúdos acessados, especialistas sugerem que os pais restrinjam o uso dos celulares e computadores no quarto


Se o uso maciço das tecnologias digitais é uma das principais marcas dos jovens de hoje, os problemas causados pela falta de sono também devem deixar marcas importantes na saúde e no comportamento dessa geração no futuro. É o que tem apontado uma série de pesquisas divulgadas nos últimos meses. A mais recente, da Universidade de Montreal, no Canadá, sugere que quanto maior o uso do celular, conversando com amigos, mandando mensagens ou ficando on-line (principalmente antes de ir para a cama), maiores os riscos de os jovens dormirem pouco e terem pior qualidade do sono. 
O trabalho, publicado no periódico médico Sleep health, avaliou 1.200 jovens de 14 a 16 anos. Aqueles que usavam computadores ou jogos digitais por mais de duas horas diárias tiveram duas vezes mais chance de dormir menos de oito horas por dia, o que é considerado o tempo ideal de sono para essa faixa etária. O impacto no tempo de sono é ainda mais intenso nos que falam por mais de duas horas ao celular, já que esses teriam um risco três vezes maior de dormir pouco. Esses jovens também se queixavam de maior sonolência ao longo do dia. Curiosamente, assistir a mais de duas horas de TV aumentava as chances de eles dormirem mais de oito horas.
A pesquisa foi divulgada uma semana depois que a Academia Americana de Pediatria, durante sua conferência nacional, que reuniu cerca de 10 mil pediatras em San Francisco, Califórnia, resolveu “afrouxar” sua determinação anterior. Antes, a entidade não recomendava o uso de telas por menores de 2 anos. Para os maiores, autorizava duas horas diárias. Agora, em função das grandes pressões das redes sociais para comunicação familiar e até mesmo do uso pedagógico das ferramentas digitais, os especialistas recomendam que, apesar dos riscos para a saúde, esse limite de tempo deve ser ajustado individualmente, levando em conta o conteúdo acessado e o envolvimento dos pais nesse processo.
O grande problema de dormir cada vez menos é que a falta de sono pode impactar a atenção, a memória e a capacidade cognitiva dos mais jovens, em uma fase essencial para a construção de seu aprendizado. Além disso, há evidências acumuladas de que dormir pouco está associado a sintomas depressivos, crescimento abaixo do esperado e maior risco de obesidade, o que compromete a saúde no futuro.
Para os especialistas, além de checar o tempo de uso das redes sociais e os conteúdos acessados, os pais devem restringir o uso dos celulares e computadores no quarto. Segundo eles, as telas deveriam ser desligadas uma hora antes de o jovem ir para a cama, a fim de garantir um sono mais fácil, longo, tranquilo e, principalmente, reparador.

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