Por Ligia Guimarães - Valor
SÃO PAULO O gasto com educação no Brasil cresceu desde 2012, mas não se traduziu em avanços de aprendizado,
afirma relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado hoje pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O gasto do Brasil por aluno acumulado entre as idades de 6 e 15 anos (US$ 38.190) corresponde a menos da metade, 42%,
da média por aluno dos países da OCDE (US$ 90.294); em 2012, o montante brasileiro representava 32% na comparação
com o bloco.
Em comparação à média da OCDE, o PIB per capita do Brasil também representa menos da metade; enquanto o do Brasil
é de US$ 15.893, o PIB per capita médio dos países da OCDE é de US$ 39.333).
O que a OCDE destaca no relatório, no entanto, é que outros países que não gastam tanto quanto as economias mais ricas,
como Colômbia, México e Uruguai, gastam menos que o Brasil por aluno, mas tem performance melhor em ciências, por
exemplo. O Chile, que tem gasto similar ao do Brasil (US$ 40.607), tem desempenho significativamente melhor em
ciências (447 pontos, contra 401 do Brasil e 493 da média da OCDE).
Desempenho do alunos brasileiros segue bem abaixo
da média da OCDE
Por Ligia Guimarães e Lucas Marchesini
SÃO PAULO E BRASÍLIA Quando se compara o desempenho médio dos estudantes brasileiros de 15 anos de idade
em todo o mundo, o Brasil continua estagnado em níveis bem abaixo da média dos países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em matemática, além de não melhorar, o desempenho brasileiro caiu
em 11 pontos desde 2012, puxado pela piora do desempenho dos alunos mais fracos e menos preparados, de acordo com
os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados hoje e que testa, a cada três anos,
estudantes de 15 anos em três disciplinas: matemática, leitura e ciências.
Entre os 70 países pesquisados, o Brasil é o 61° em leitura, 63° em ciências e o 65° em matemática. “É triste, mas é a
realidade. Temos que buscar saídas”, disse a secretáriaexecutiva do Ministério da Educação, Maria Helena de Castro, ao
comentar os dados da prova. “Estamos roubando o futuro dos nossos jovens”, disse.
A nota média dos alunos brasileiros em ciências foi de 401 pontos, comparável à média do Peru e da Indonésia, e bem
abaixo da de 493 pontos da OCDE, que considera a nota brasileira estável em relação a 2006 (390 pontos), última vez em
que as provas do Pisa tiveram foco em ciências.
Em matemática, a média do Brasil foi de 377 pontos, comparável à dos alunos da exrepública iugoslava da Macedônia e
ao da Jordânia, e bem abaixo dos 490 da OCDE; em leitura, a pontuação média brasileira ficou em 407 pontos, ante 493
pontos da OCDE.
Em matemática, o desempenho dos alunos brasileiros caiu 11 pontos entre 2012 e 2015, de 389 para 377.
Apesar da queda, a OCDE destaca que o Brasil acumula em matemática um avanço de 21 pontos entre 2003 e 2015, o que
equivale a um avanço de 6,2 pontos a cada três anos.
A piora recente das notas em matemática, de acordo com a OCDE, se deu por um aprofundamento da desigualdade de
resultados: enquanto os 10% dos alunos brasileiros com notas mais altas continuaram a ter desempenho próximo à
média da OCDE, os 10% com as piores notas ficaram ainda mais para trás nos últimos anos.
“O aprofundamento da desigualdade de desempenho serve para ressaltar os desafios significantes que o Brasil enfrenta
para integrar os alunos mais fracos em uma sociedade que muda rapidamente e na qual as oportunidades são
crescentemente moldadas por conhecimento, habilidades e tecnologia”, diz a OCDE, em relatório.
O Pisa 2015 avaliou mais de 540 mil estudantes na faixa de 15 anos, idade na qual em muitos países os alunos completam
o ciclo de ensino obrigatório, e uma amostra que a OCDE considera representativa de outros 28 milhões de adolescentes
na faixa etária de 15 anos.
No Brasil, fizeram o teste cerca de 23 mil estudantes de todos os Estados brasileiros nas redes municipal, estadual, federal
e privada.
Integraram o estudo os 35 países da OCDE, mais as 35 economias parceiras da OCDE, como Brasil, Albânia, Argélia,
Argentina, Bulgária, Catar, Cazaquistão, Cingapura, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Geórgia e
Hong Kong.
Melhora notável
Uma boa notícia nos dados do Pisa é que o Brasil conseguiu, desde 2003, incluir mais alunos de 15 anos de idade na
escola sem perder qualidade, como seria esperado. O relatório destaca que, em 2015, 71% dos jovens de 15 anos estavam
matriculados na escola na sétima série ou acima nível 15% maior do que em 2003, proeza que a OCDE classifica como
“melhoria notável”.
Em comparação com 2003, no Pisa 2015 verificase um aumento de 5 pontos percentuais de jovens brasileiros no nível 2
ou acima, apesar da expansão do número de matrículas na educação básica. “Na verdade, enquanto os resultados em
ciências permaneceram estáveis desde 2006 e em leitura desde 2000, a performance em matemática do Brasil melhorou
em 21 pontos desde 2003”, compara o texto do Pisa.
A comparação com 2003 é considerada a mais adequada em matemática pela OCDE, já que aquele foi o primeiro ano em
que o Pisa divulgou um relatório com ênfase em matemática. Na edição de 2015, o foco das provas foi em ciências.
Alunos brasileiros sonham mais com carreira em
ciências, mostra OCDE
Por Ligia Guimarães
DE SÃO PAULO Os alunos brasileiros demonstram mais interesse que a média de seus colegas de outros países em
seguir uma carreira em ciências; sua formação, no entanto, não garante que esse será um sonho possível, conforme
indicam os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados hoje pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A edição 2015 do Pisa — que nesta versão teve foco na avaliação cognitiva de ciências — perguntou aos alunos sobre qual a
profissão eles esperam estar trabalhando quando tiverem 30 anos de idade.
Perto de 40% dos estudantes brasileiros que responderam as questões reportaram o desejo de seguir carreira profissional
em áreas relacionadas à ciência e tecnologia, como engenharia e saúde. A média nos países da OCDE foi de 25%.
Outro fato interessante é que, na contramão do que ocorre na média da OCDE — em que parcela levemente maior de
meninos que meninas demonstram querer uma carreira em ciências, as alunas brasileiras são maioria entre os que
sonham ser cientistas ou profissões correlatas.
Os dados indicam também que os alunos alimentam seu interesse científico mais por conta própria do que em sala de
aula. Embora mais de 30% dos estudantes brasileiros tenham indicado que assistem a programas científicos e navegam
na internet em busca de assuntos científicos, menos de 20% reportou participação em clubes de ciências.
Entre as peculiaridades dos alunos brasileiros na relação com as ciências, a OCDE também destaca que, na média dos
países e economias analisados, a expectativa de seguir uma carreira em ciência está fortemente relacionada ao nível de
proficiência na área. No Brasil, no entanto, os altos níveis de interesse contrastam com o desempenho dos alunos.
Mais de
33% dos alunos que não atingiram os níveis considerados mínimos pela OCDE em ciências esperam seguir carreira na
área. Na média da OCDE, tal proporção é de 13%.
Entre os alunos que alcançam as notas máximas (níveis 5 e 6), um a cada dois alunos brasileiros têm a mesma
expectativa, contra 41% na média da OCDE.
O relatório da OCDE indica também que o apoio dos pais e a sensação de pertencimento à escola mostraram ter papel
significativo no desempenho dos estudantes brasileiros em ciências.
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