Claudia Costin
É professora visitante de Harvard. Foi diretora de Educação do Banco Mundial, secretária de Educação do Rio e ministra da Administração.
Enquanto aguardamos a divulgação dos resultados do Pisa de 2015, prevista para a semana que vem, vale a pena pensar sobre algo que será certamente confirmado na avaliação do desempenho brasileiro nesse teste internacional de qualidade da educação: fomos reprovados.
A despeito dos avanços no acesso ao ensino médio e da diminuição da defasagem idade-série, o Ideb dessa fase está estagnado no triste patamar de 3,7 e, desde 2010, a taxa de matrículas vem caindo, não por conta da transição demográfica.
Para os que iniciam o curso, as notícias tampouco são boas: 25% abandonam. Um terço dos alunos estuda à noite, o que é inapropriado para jovens de 15 a 17 anos, e conta com uma carga horária insuficiente para desenvolver o conteúdo demandado por um Enem não diferenciado.
Aliás, este é outro problema: temos, para essa etapa, um currículo enciclopédico, com 13 a 15 disciplinas, algumas pautadas por interesses corporativistas, para uma carga horária média pouco superior a quatro horas.
Até junho de 2017, temos que publicar a Base Nacional Comum Curricular para a etapa e precisamos enfrentar não apenas a definição de um currículo claro, com menor fragmentação dos saberes, como o desenho de um novo modelo de ensino médio.
Em todos os países que se classificaram entre os melhores do Pisa de 2012, há uma diversificação de trajetórias, com base na escolha dos alunos e no desempenho deles em determinadas disciplinas.
Além disso, procura-se conceber uma escola própria para o momento de vida que vivem os adolescentes. Atividades como grêmios, clubes de ciências, de dança ou esportes, complementam as atividades estritamente acadêmicas.
O protagonismo do jovem é entendido de forma mais ampla que a necessária escolha por ele de trajetórias educacionais. O aluno adolescente é entendido como alguém que deve ser ouvido, portador de um projeto de vida expresso em sonhos de futuro e de interesses presentes que o mobilizam para a aprendizagem.
Por conta disso, países como a Finlândia não chamam pais de alunos nessa fase para reclamar do comportamento dos filhos, a conversa é com eles mesmos.
Na Suíça, além da possibilidade de um ensino técnico (sem ter que fazer também todas as disciplinas do ensino médio regular como aqui no Brasil) ou acadêmico, há a possibilidade de trilhas mais associadas às artes, aos esportes ou às ciências.
Para completar o modelo, caberia incluir na escola o desenvolvimento de competências socioemocionais e não apenas cognitivas, para termos uma escola própria (nos dois sentidos do termo) para jovens do século 21.
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