terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Pisa mostra que não dominamos números



Pela primeira vez na história do Pisa, o Brasil regride em matemática. Os alunos brasileiros sabem menos hoje do que sabiam em 2009


FLÁVIA YURI OSHIMA

O resultado do Pisa (sigla em inglês para Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), divulgado nesta terça-feira (6), confirma o que nossas avaliações internas já mostravam: o Brasil não sabe ensinar matemática. Entre os alunos que terminam o 9º ano (antiga 8ª série), apenas 16% têm o conhecimento adequado. No ensino médio, a situação é muito pior. Só 9% dos estudantes que chegam ao final dessa fase têm o domínio adequado para a área.

Agora, o Pisa 2015 (a prova foi realizada no ano passado) revela que nós não só ainda não aprendemos como melhorar o ensino de matemática, como também regredimos em relação aos demais anos. Nossos alunos de 15 anos (fase avaliada pelo Pisa) hoje sabem menos do que crianças de mesma faixa etária sabiam em 2009. A nota deste ano em matemática foi de 377 pontos. A média da OCDE (entidade que aplica o Pisa) é de 490 pontos. Na avaliação anterior, em 2012, a pontuação brasileira chegou a 389 pontos, e, em 2009, a nota foi 386 pontos. Esta é a primeira vez na história do Pisa que o país regride.

O estado com a maior pontuação em matemática foi o Paraná (466 pontos), seguido do Espírito Santo (405 pontos) e de Santa Catarina (398). Os três estados com pior colocação foram Bahia (343 pontos), Maranhão (343 pontos) e Alagoas (339 pontos). São Paulo ficou em quinto lugar no ranking dos estados em matemática, com 386 pontos. O Rio de Janeiro ficou em 14º lugar em matemática, com 366 pontos. O Brasil foi o país da América Latina com maior dificuldade em matemática.
Ao destrinchar os números nacionais, é possível aferir dados ainda mais preocupantes. A OCDE estabelece seis níveis de proficiência em cada área. Noventa e seis por cento dos estudantes ficam entre os três níveis mais baixos de aprendizado. O mais grave é que quase metade desse grupo está abaixo do nível 1 da OCDE, ou seja, 43,74% dos estudantes brasileiros não sabem sequer o mínimo esperadona área de matemática. A média da OCDE entre os 70 países é de apenas 8% dos estudantes nessa faixa de aprendizado.
Nas provas, os estudantes brasileiros demonstraram melhor desempenho em questões relacionadas a valor em dinheiro, razão e proporção e cálculos aritméticos. As crianças brasileiras saíram-se bem em temas que aparecem em seu dia a dia. O ponto fraco dos alunos foram as questões que pedem abstrações matemáticas, principalmente aquelas relacionadas a figuras geométricas, como o perímetro ou a área, ou as características das figuras espaciais. Assim como ocorreu em ciências, os meninos tiveram nota maior do que as meninas nessa área. 
Do total de estudantes, 70% deles ficaram nos dois níveis mais baixos de conhecimento em matemática. Os 10% dos estudantes com maior nota tiveram média igual a 496 pontos. A média nacional da Coreia do Sul, primeiro lugar em matemática, é de 524 pontos. Entre os 10% com menor nota no Brasil a média foi de 267 pontos.
Em matemática, os alunos da rede federal foram os com maior pontuação (488 pontos), seguidos de crianças da rede privada (463 pontos), seguidos dos alunos da rede estadual (369 pontos).

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