terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Pisa: o desempenho do Brasil em ciências está estagnado

Mais de 90% dos estudantes estão nos três níveis mais baixos de proficiência em ciências. Perdemos um ponto em relação ao exame anterior, de 2012


FLÁVIA YURI OSHIMA

Caímos um ponto na avaliação de ciências do Pisa (sigla em inglês para Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), divulgado nesta terça-feira (6), em relação ao último exame, de 2012. Passamos de 402 para 401. Um ponto pode parecer preciosismo. Não é. É gigantesco, na verdade. O Brasil nunca conseguiu figurar entre os 50 primeiros países da OCDE (que também não seria uma boa colocação). Nunca também conseguiu alcançar a nota média do OCDE. A expectativa mais conservadora sempre foi que o país se mantivesse num ritmo de melhora gradual. Desde 2012, em ciências, isso não ocorre. Ao contrário, temos apresentado um ritmo de queda.
No Pisa 2015, a ênfase da prova foi a área de ciências, que trouxe o dobro de questões das outras áreas (matemática e linguagens). O Pisa estabelece seis níveis de proficiência. Em ciências, menos de 1% dos brasileiros atingiu os dois níveis mais avançados. Noventa e cinco por cento dos nossos estudantes estão nos três níveis mais baixos de conhecimento. Na média da OCDE, esse índice é de 72%.
Para o Pisa, o conhecimento adequado de ciências na faixa etária dos 15 aos 16 anos implica ter o domínio de conceitos e procedimentos de investigação científica. Os alunos com notas mais altas são aqueles que demonstram capacidade de refletir e elaborar análises sobre ciência e tecnologia. As provas de 2015 mostraram que essa é a maior dificuldade do aluno brasileiro. Houve apenas 22,1% de acertos em questões que pediam esses raciocínios.
“Esses dados mostram o que defendemos há muito tempo: a própria escola silencia a curiosidade científica do aluno ao impor o conhecimento catedrático em detrimento da investigação prática”, diz Roseli de Deus Lopes, professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e idealizadora da maior feira de ciências do país para alunos da educação básica, a Febrace.“Décadas de experiência mostram que ao estimular a curiosidade natural da criança o raciocínio científico aflora naturalmente, independentemente da classe social da criança”, disse ela em entrevista a ÉPOCA.
A prova do Pisa ocorre a cada três anos. Os resultados divulgados agora referem-se às provas aplicadas em 2015. Em 2009, tivemos nosso último salto positivo em ciências. Passamos de 390 pontos (2006) para 406 pontos. Em 2012, caímos para 402 pontos. Neste ano, caímos novamente para 401. A média da OCDE em ciências é de 493 pontos. Cingapura, lider em ciências, teve 556 pontos.

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