DE SÃO PAULO
NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA
Os alunos da rede particular no Brasil apresentam resultados superiores à média nacional no Pisa 2015, mas ainda ficam abaixo dos países ricos em matemática e ciências. Em leitura, a nota é a mesma da média da OCDE (entidade que reúne países desenvolvidos e que organiza a avaliação internacional).
A rede particular tem 487 pontos em ciências e 463 em matemática, contra 493 e 490 dos outros países, respectivamente. Em leitura, a média das escolas privadas no Brasil e a dos países da OCDE é de 493.
Os dados por rede foram divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação responsável por aplicar o Pisa no Brasil.
O Pisa é considerado a mais importante avaliação internacional da educação básica. A prova é aplicada a estudantes com idade entre 15 e 16 anos de 70 países.
A comparação entre os alunos brasileiros mais pobres e os 10% mais ricos -que geralmente estão em escolas privadas de ponta- é também desfavorável.
A diferença em ciências é de 27 pontos, o que equivale aproximadamente ao aprendizado de um ano letivo.
Na média da OCDE, essa distância é de 38.
O nível socioeconômico dos alunos é um dos fatores mais relevantes no sucesso escolar, de acordo com vários estudos. Para Cláudia Costin, professora visitante da Universidade de Harvard e colunista da Folha, essa menor diferença no Brasil indica que nem os mais ricos têm tido uma formação adequada.
"Isso reforça a tese de que o problema no país é a qualidade do professor. Esse aluno mais rico provavelmente está em uma escola privada, de melhor qualidade", diz.
"As escolas podem ter uma série de diferenças, mas o que elas têm em comum são professores com a mesma estrutura de formação."
Cláudia afirma ainda que o Brasil precisa tornar a carreira docente mais atrativa.
"É óbvio que aumentar salários não vai impactar dois anos depois. Mas o efeito do aumento é tornar a profissão mais atraente. Uma nova geração de jovens vai querer fazer faculdade, é coisa de longo prazo."
A secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, também ressaltou a necessidade de melhorar a formação dos professores.
Ela cita ainda a criação da Base Nacional Comum Curricular -que definirá o que será ensinado em todas as escolas do país e está em discussão no Conselho Nacional de Educação- como uma das medidas que podem trazer resultados.
"Os dados revelam a necessidade primeiro de terminar logo a base nacional comum, que é essencial para melhorar a qualidade das aprendizagens e dar mais equidade ao sistema", diz ela.
"Em segundo lugar, investir fortemente na formação de professores e nos materiais de apoio, que são importantes para melhorar a qualidade da escola", afirma.
A secretária também defendeu a reforma do ensino médio -em trâmite no Congresso Nacional por meio de uma medida provisória- como uma forma de melhorar os resultados na educação.
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