segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O Brasil tem a maior lacuna de profissionais especializados em redes da América Latina. O déficit será de 161 mil profissionais, somente no país, em 2019, segundo o estudo “Networking Skills in Latin America”

Por Adriana Fonseca
19/09/2016 ­ 05:00 

Dificuldade maior é encontrar profissionais qualificados em rede 

O Brasil tem a maior lacuna de profissionais especializados em redes da América Latina. O déficit será de 161 mil profissionais, somente no país, em 2019, segundo o estudo “Networking Skills in Latin America”, encomendado pela Cisco à IDC. O número é pouca coisa menor que o déficit de 195 mil profissionais detectado em 2015. A tecnologia de rede emergente requer trabalhadores qualificados em vídeo, nuvem, mobilidade, datacenter e virtualização, big data, segurança cibernética, internet das coisas e desenvolvimento de software, além de competências em switches e roteadores, segurança de rede, redes sem fio, comunicação unificada e colaboração. Também costuma­se exigir do profissional proficiência no idioma inglês, habilidade para trabalhar em equipe, capacidade de resolução de problemas, gerenciamento de projetos, criatividade e inovação e uma atitude empreendedora.

“Como consequência da migração dos serviços para a nuvem, vemos um mercado que demanda profissionais que entendam desse novo mundo”, afirma Sergio Sgobbi, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). “Faltam profissionais qualificados principalmente em redes, mas também há demanda reprimida de quem faz o desenvolvimento para nuvem.

” Segundo Sgobbi, a adaptação para nuvem de profissionais que já desenvolvem em outras plataformas é natural e feita com certa facilidade.

A questão das redes é mais complexa, porque necessita de um nível de segurança mais rígido e inviolável. Gerente executivo da Michael Page, Diego Mariz concorda que faltam profissionais. “É um perfil que já existe no mercado, mas com o aumento da demanda, pelo crescimento da adoção dos serviços em nuvem, fica mais difícil achar gente capacitada”, diz.

Ele destaca dois perfis. Um é o de quem trabalha na empresa que fornece a solução em nuvem. Este é um profissional especialista, que vai ajudar na venda da solução para os clientes ou vai ser a pessoa que dá o suporte técnico para garantir a operação do serviço junto ao cliente.

O outro perfil é o do gestor de TI das organizações que contratam o serviço em nuvem. Como o serviço passa a ser terceirizado com uma empresa especialista em “cloud”, o executivo deixa de ser gestor de operações, administrar uma estrutura física e garantir que ela esteja funcionando e passa a ser gestor de prestadores de serviço.

“Muda o perfil do ‘head’ de TI”, diz Mariz. “Ele deixa de ter equipe direta e passa a ser gestor de terceiros, de fornecedor. São relações diferentes. O executivo não tem mais influência direta sobre as pessoas, tem que saber desenvolver os fornecedores, manter relação de cumplicidade e parceria e saber o que pode abrir de informação para manter o serviço funcionando.” Já existem cursos no mercado que capacitam o especialista em nuvem.

O Mackenzie lançou sua pós ­graduação sobre o tema neste ano e espera formar a primeira turma em outubro. O curso de especialização em computação em nuvem foi desenvolvido em parceria com a Oracle, que sentiu necessidade de formar profissionais nessa área. Dirceu Matheus Junior, coordenador de educação continuada da Faculdade de Computação e Informática do Mackenzie, diz que a expectativa é formar a primeira turma com 30 alunos. O programa tem 432 horas de aula em três semestres. Na FIAP o curso é mais antigo.

O MBA em Arquiteturas de Redes e Cloud Computing foi criado em 2009. “Naquela época o ‘cloud’ já era algo importante em infraestrutura”, diz Celso Poderoso, coordenador do curso. “Já víamos alguns movimentos, incertos naquele momento, mas incorporamos o tema dentro do MBA para dar uma base sólida ao aluno e prepará­lo para um ambiente que se tornaria padrão.

” Desde sua criação, o MBA tem uma nova turma a cada semestre. “Há uma demanda constante”, diz Poderoso. Cada turma tem cerca de 30 alunos e a média de idade dos alunos é 32 anos.
Segundo o coordenador, 70% dos alunos já trabalham com redes de computadores e precisam de uma atualização para entender melhor a parte de “cloud”. O programa tem 360 horas de aula distribuídas em 12 meses.

O MBA em Projeto e Gerenciamento de Data Center da Impacta também forma profissionais especialistas em nuvem. O foco do curso é planejamento e projeto de infraestrutura de datacenter, implantação e gestão de virtualização de servidor, “storage”, projeto e gerenciamento de datacenter em nuvem e big data. Oferecido há dois anos, o curso tem procura constante, segundo Rodolfo Avelino, professor do MBA. Cerca de 35 alunos ingressam no programa a cada semestre.

“Não há cursos de graduação direcionados para nuvem, então a especialização fica para a pós­graduação”, explica Avelino. O MBA da Impacta tem 446 horas de aula distribuídas em 18 meses.

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