sábado, 17 de setembro de 2016

Por medo de debandada de alunos, escolas particulares devem optar por reajuste menor

SÁBADO, 17/09/2016, 06:00

Instituições estão mais cautelosas e admitem que aumento não deve ser muito maior do que a inflação. Índice deve ficar em torno de 10%. A maior preocupação das escolas particulares é com a evasão dos alunos para a rede pública.


Por Gabriela Echenique
A crise econômica tem feito as escolas particulares repensarem o reajuste da mensalidade que será aplicado em 2017. Neste ano, as instituições estão mais cautelosas em relação aos custos que serão repassados às famílias e não devem anunciar um reajuste muito acima da inflação. A tendência é que o aumento seja menor do que o do ano passado. Cada escola tem a liberdade de definir o reajuste com base na própria planilha, que deve incluir inflação, gastos com pessoal e melhorias, por exemplo.
Em São Paulo, o reajuste deste ano variou entre 10% e 12%. Para 2017, o sindicato das escolas particulares do estado acredita que o aumento não ultrapassará muito a inflação, como explica o presidente da entidade, Benjamin Ribeiro.
"As escolas estão preocupadas com a situação financeira dos pais, do país. E tem que ter muito critério para fazer esse aumento. A escola que faz aumento errado, fatalmente perde alunos. Eu acho que mais do que a inflação, acho difícil elas passarem", afirma Ribeiro.
A maior preocupação das escolas particulares é com a evasão dos alunos para a rede pública. Em São Paulo, o número de estudantes na rede privada só tem crescido nos últimos anos, por isso a cautela para não perder alunos no próximo ano. No Rio de Janeiro, mais de 33 mil estudantes saíram da rede privada - 12 mil a mais do que em 2015. Em Minas Gerais, a migração para a rede pública ocorreu pela primeira vez em 2016 - cerca de 6% dos alunos saíram das escolas particulares. A evasão provoca um ajuste nos custos das escolas, por isso o presidente do sindicato estadual, Emiro Barbini, afirma que o aumento deve ser mais criterioso e pode nem passar dos 10%.
"O aumento da mensalidade tem que ser mais criterioso, porque primeiro a escola tem que ver: os seus clientes podem pagar mais quanto de mensalidade, com essa crise? Se aumentar além do limite, a escola corre o risco de os pais se debandarem, saírem da escola. Mais de 80% das escolas ficaram dentro do índice de 10 a 12% e eu creio que, agora, deve ser mais baixo desse índice", diz Barbini.
No Distrito Federal, a migração de estudantes para a rede pública também chamou a atenção. Em 2015, 8 mil alunos saíram da rede privada. Neste ano, o número saltou para 12 mil. Na capital federal, o reajuste médio deve ser de 12%, mas os empresários admitem que serão mais cautelosos no momento de elaborar a planilha.
Além da evasão, outros temas que preocupam as escolas particulares são a alta inadimplência e o reajuste que será oferecido aos professores no início do ano que vem o que impacta diretamente no valor a ser repassado aos alunos. Nos próximos meses, o Conselho Nacional dos Secretários de Educação se reúne para avaliar se será necessária uma readequação no sistema para receber os alunos que saem da rede privada.

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