PAULO SALDAÑA
Com exceção de Roraima, as redes privadas de todos os outros Estados ficaram com notas abaixo da meta no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015 no ensino médio. Em 17 deles, também houve queda no indicador do setor.
O ensino médio particular do país caiu pela segunda vez consecutiva no Ideb –principal índice nacional da educação, que é calculado a cada dois anos e leva em conta avaliação de alunos em português e matemática, além de dados sobre reprovação e abandono.
Os resultados, segundo especialistas, indicam problemas estruturais que atingem alunos de todas as escolas do Brasil: um modelo engessado, que não interessa ao estudante, professores pouco qualificados e falta de interesse e pressão da sociedade por uma educação melhor.
As médias das regiões Norte e Nordeste da rede privada são inferiores às do restante do país, refletindo uma desigualdade que existe também na rede pública.
Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, a piora nos indicadores do ensino privado indica uma acomodação da sociedade, em especial das elites e do empresariado.
"Há uma mediocridade geral no país na qualidade do ensino. A qualidade das escolas privadas no Norte e Nordeste não deveria ser pior, uma vez que em ambos os casos elas atraem as elites", diz.
"É resultado de uma miopia das elites, não há pressão para melhoria da educação."
Oliveira ainda cita as dificuldades do país com a qualidade dos professores, mesmo na rede particular. "O problema não é só formação. Sem carreira atrativa, quem resolve ser professor são aqueles que vão pior no Enem", diz.
A posição das famílias em relação à educação dos jovens também é apontada pelo professor Flavio Comin, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), como uma hipótese. "O desempenho escolar é muito ligado a famílias bem ou mal sucedidas, e isso não depende só de fatores socioeconômicos", afirma. "Há pais que acham que basta pagar a escola, mas é muito mais do que isso."
ABISMOS
Com a queda média da rede particular em 2015, diminuiu o abismo para a rede estadual (que teve leve avanço). Se em 2013 a distância entre os índices era de 59%, ela passou agora para 51%.
Em Pernambuco, por exemplo, onde o ensino médio público avançou, a distância com o particular é de 26%. No outro extremo, Mato Grosso do Sul tem o maior abismo entre as redes. O Ideb da particular é 90% maior do que o da estadual. A mesma distância existe no ensino médio do Ceará.
O secretário federal de Educação Básica, Rossieli Soares Silva, reforça a importância de reforma da etapa. "Isso mostra, mais uma vez, que estamos em um momento de falência do modelo, para públicas e particulares."
Um projeto no Congresso prevê reforma do ensino médio, o que poderia flexibilizar a grade curricular, hoje com 13 disciplinas obrigatórias.
Entenda o índice
O que é o Ideb?
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos.
Como esse desempenho é medido?
São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio.
São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio.
Como são as provas?
Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
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