Por que mais e mais jovens estão considerando fazer o ensino médio no exterior?
RICARDO NEVES
09/09/2016 - 12h07 - Atualizado 09/09/2016 15h36
O ensino médio é uma masmorra para todos os jovens. Já ouvi de vários que é garantido: é a mais eficiente forma para transformar alguém em um zumbi; em um morto-vivo. Isso justamente na fase da vida em que a gente está cheio de energia, alegria, sonhos e vitalidade.
E, acredite, conseguiram piorar ainda mais, depois que o ensino médio virou praticamente um cursinho para fazer Enem. Verdade ou mentira?
A própria secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, reconhece isso, mas infelizmente o que ela promete não é obviamente para você que tem entre 15 e 18 anos e que é torturado nessa senzala sociocognitiva que virou o ensino médio.
Em recente entrevista para o jornal O Globo, ela afirmou que “é preciso fazer uma mudança estrutural na organização de todo o ensino médio. O projeto de lei que tramita na Câmara há três anos prevê a reformulação do segmento e está aglutinando ideias de uma série de pesquisadores e secretários de Educação. Além disso, o ministro está trabalhando para propor um substitutivo dentro desse PL”.
O tal projeto de lei que ela se refere tem o número 6.840/2013, já tramita há três anos na Câmara dos Deputados e prevê a divisão do currículo nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas, além de jornada de sete horas e possibilidade de formação profissional.
A secretária executiva acha que a lei será regulamentada lá por 2018. Em seguida terão testes-pilotos, mas na prática só depois de 2020. Mas não se preocupe, segundo a autoridade já há um infindável número de burocratas e acadêmicos em grupos trabalhando nisso.
Blá-blá-blá! Quem está no ensino médio já passou da idade de acreditar em Papai Noel. E aí?
Você alternativamente pode fazer “Movimento Estudantil Secundarista” para mudar o país e essa coisa toda. Opção sua. Mas realisticamente, ainda assim, se todos os estudantes forem para as ruas, se ocuparem todos os colégios, dia e noite, você acha que antes da próxima década sai algum coelhinho desse mato?
Ok. Ideia louca: que tal considerar fazer parte ou mesmo todo o ensino médio lá fora?
Já pensou dar um tempo neste nosso bananão chamado Brasil, enquanto a geração dos adultos, responsáveis por essa bagunça, tenta consertar algo dessa coisa que desandou toda desde o início deste século?
Pois é... Se você fosse rico – mas rico mesmo! –, seus pais já teriam mandado você para fora, sem dúvida alguma. Isso porque eles sabem que mesmo o melhor colégio aqui no contexto brasileiro dificilmente vai dar ao jovem as oportunidades, ferramentas, estímulos para uma qualificação do tipo classe mundial.
Ocorre que essa ideia tem passado pela cabeça de jovens de famílias que não são ricas, mas que estão considerando apoiar seus filhos em um projeto de high school no exterior. Esses são as chamadasfamílias do Topo da Pirâmide do mercado. E esse mercado não é pequeno. Olha o quadrinho aí embaixo:
Estou falando de famílias que se propõem a dar a seu único filho em idade de ensino médio a oportunidade de ampliar os horizontes, de aprender outras línguas, de vivenciar outra cultura, de aprender paralelamente ao currículo escolar mínimo biscoitos finos para o pensamento, como artes, cinema, teatro etc.
São famílias que sabem que educação faz a diferença e que o sacrifício vale a pena para dar uma formação que torne o jovem mais qualificado para uma economia do conhecimento globalizada. Vale ainda para tornar o jovem mais responsável desde cedo por sua própria vida, participativo para cuidar da casa, da própria roupa, de seu espaço e de suas finanças. (O jovem brasileiro, independentemente da classe socioeconômica, infelizmente tem uma formação de mauricinho/patricinha, que o leva a ser dependente e ficar na casa dos pais até 30 e coisa.)
Nas pesquisas que fiz junto às instituições que estão oferecendo programas educacionais no exterior, fica claro que o mercado se aqueceu muito desde o começo do (des)governo Dilma 2. Alguns programas de high school e graduação no exterior estão com crescimento de 30% em relação ao ano passado.
Causa espanto checar as condições e comprovar que a educação no exterior já é competitiva em termos de investimento da família se compararmos com colégios de mais alto nível aqui no Brasil. Exemplo: já existe Programa High School nos Estados Unidos a partir de R$ 2 mil por mês, excluindo despesas pessoais e de viagem.
Aliás, esta regra é básica: tudo lá fora é mais barato que no Brasil, da alimentação à escolaridade. Além disso, fique certo de que você poderá sempre achar oportunidades de completar a renda lá fora, fazendo pequenos trabalhos e biscates, desde preparar salada, fazer faxina, delivery, programar, baby sitter etc. E você pode fazer isso legalmente em alguns países, coisa que aqui o Estatuto do Adolescente vai impedi-lo.
Já imaginou passar um período ou então fazer todo o maldito ensino médio na Alemanha, Inglaterra, EUA, Austrália, Canadá, Escócia, França, Itália, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Suécia, Israel?
O começo da resposta a esse sonho maluco você já aprendeu: está on-line! Mas o que faz diferença é a vontade de fazer acontecer.
Véi, na boa, saia da zona de conforto e comece a grande aventura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário