O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015 apontou uma diminuição do abismo que separa as escolas públicas e particulares no ensino médio do país.
Mas isso não pode ser visto como uma boa notícia. De um lado reflete a piora de avaliação da rede privada, que teve a segunda queda consecutiva e a menor nota no índice desde 2005. Já a rede pública, apesar de leve evolução, exibe mais sinais de estagnação, ainda distante da meta.
O Ideb é calculado a cada dois anos e leva em conta resultados da avaliação feita pelos alunos (de português e matemática) e informações de reprovação e abandono.
Ele é considerado a principal referência de qualidade da educação no país.
O Ideb do ensino médio das redes estaduais passou de 3,4, em 2013, para 3,5 em 2015 –longe da meta 4. Nas privadas, de 5,4 para 5,3 –a meta é 6,3. Se em 2013 a distância entre os índices era de 59%, ela passou para 51%.
O Ideb do ensino médio é calculado por amostragem tanto na rede pública quanto na privada. Ao apresentar os dados, em Brasília, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), classificou o quadro como "caótico". "Os resultados são realmente muito ruins", afirmou.
Há um projeto de lei no Congresso para uma reforma do ensino médio, o que poderia flexibilizar a grade considerada engessada, incapaz de atrair estudantes. O MEC também debate esse assunto.
O ministro avalia definir as alterações por medida provisória, que tem tramitação mais rápida, caso demore a discussão do projeto de lei.
O professor Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco, afirma que a flexibilização é importante, mas os dados indicam um cenário mais preocupante.
"No ensino médio, não temos uma referência, de um conjunto de escolas que mostre no horizonte um caminho sustentável. Nos anos iniciais, temos", diz ele, ressaltando que a rede privada nunca chegou ao resultado desejado.
Amábile Pacios, da Fenep (Federação Nacional de Escolas Particulares), concorda que as escolas particulares brasileiras não têm conseguido bons desempenhos.
"O currículo é muito longo, com disciplinas obrigatórias, e não chama a atenção do estudante", afirma ela, que também reclama da influência dos vestibulares e Enem nos planos de aula.
FUNDAMENTAL
O Brasil também ficou atrás da meta nos anos finais do ensino fundamental –embora tenha avançado, de 4,2 para 4,5, já deveria estar com nota 4,7. Nos anos iniciais, houve bom crescimento (de 5,2 para 5,5), alcançando a meta estipulada para 2017.
Nessa primeira etapa, cerca de 70% das escolas melhoraram. No último Ideb, esse porcentual era de 58%.
O professor Francisco Soares, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), afirma que, se o Brasil continuar melhorando no ritmo atual, nunca vai conseguir atingir suas metas.
Entenda o índice
O que é o Ideb?
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos.
Como esse desempenho é medido?
São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio.
São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio.
Como são as provas?
Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
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