quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Vestibular - Curiosidades - Mapeamento mostra explosão de ONGs em prol de pedestres no Brasil

RODRIGO RUSSO


Embora se locomover a pé pelas cidades seja uma prática corriqueira e antiga, ações por melhorias para os pedestres são algo recente no país: cerca de 80% das organizações que atuam em prol da mobilidade a pé foram criadas nos últimos três anos, a partir de 2013.

Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Como Anda, conduzida pelas ONGs Cidade Ativa e Corrida Amiga, com apoio do Instituto Clima e Sociedade.


O primeiro mapeamento dedicado ao assunto identificou 128 associações que promovem atividades ligadas aos pedestres em 18 Estados, além do Distrito Federal.

"Queremos conectar as organizações, esse é um movimento muito recente, muito jovem. Está na hora de a sociedade entender que a pé também é uma forma de transporte", diz Andrew Oliveira, integrante da Corrida Amiga.

Os protestos de junho de 2013, iniciados após reajustes nas tarifas do transporte público, são uma das razões apontadas pelos pesquisadores para o salto de organizações dedicadas ao tema.

"Junho de 2013 alavancou grupos coletivos para a discussão sobre mobilidade urbana. É, sem dúvida, uma das possíveis causas, mas também destacamos a criação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, em 2012", diz Raffaela Basile, da Cidade Ativa.

O Sudeste concentra o maior número de iniciativas ligadas à mobilidade a pé: 88, ou 69% do total. Em seguida vem o Sul, com 15 (12%), e o Nordeste, com 11 (9%). Centro-oeste e Norte têm 9 (7%) e 3 (2%), respectivamente.

Oito Estados não têm registros de iniciativas: Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Rio 
Grande do Norte, Roraima, Sergipe e Tocantins. A cidade de São Paulo, com 70 associações, lidera com folga o ranking de ações em prol dos pedestres. O Rio tem cinco.

Para Silvia Stuchi Cruz, da Corrida Amiga, esse é um resultado curioso. "Esperávamos encontrar mais organizações no Rio. Este dado foi uma surpresa para nós. Talvez se explique pelo fato de as condições das calçadas do Rio não serem tão ruins. A mobilidade a pé está muito ligada a esse problema."

Plataforma on-line, que pode ser acessada em comoanda.org.br, a Como Anda tem três desejos adicionais: "Queremos ser a biblioteca sobre mobilidade a pé, funcionar como vitrine das associações e construir pontes entre elas", afirma Cruz.

Um exemplo mencionado pelos pesquisadores é a troca de informações entre o Carona a Pé, que forma grupos para o trajeto das casas de crianças até o colégio Equipe, em São Paulo, e o A Pezito, projeto similar em Porto Alegre.
Em outubro, os resultados da pesquisa Como Anda serão apresentados na Walk21 –maior conferência do mundo sobre pedestres, em Hong Kong. 

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